O que a Ponte Preta deve fazer para sustentar a motivação do seu torcedor para o Brasileirão?

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Ao contrário da visão de alguns cronistas esportivos e dirigentes, eu adoto as redes sociais como parâmetro de termômetro da opinião pública. É um espelho do pensamento médio do torcedor, apesar de um exagero aqui e ali. Ao olhar as centenas de comentários de torcedores pontepretanos de vários locais de Campinas e região, é de se refletir até que ponto o vice-campeonato paulista poderá prejudicar na mobilização para o Brasileirão.

Nem levo em consideração os 3104 pagantes da rodada inaugural contra o Sport. Especialmente se levarmos em conta que a média do ano passado ficou em 5309 torcedores. Uma lástima. Meu foco é sobre o espirito do próprio torcedor pontepretano que bate cartão no Majestoso. Sua disposição de comparecer e incentivar a equipe, apesar da luta de Davi contra Golias desenhada no horizonte. Verificar até que ponto está vacinado contra os petardos destinados pelo sistema injusto reinante no futebol brasileiro.

A cada atleta desligado e alvo de negociação, o pagante do programa de Sócio Torcedor ou aquele que reserva seu dinheiro suado para comparecer em um jogo ou outro fica mais desestimulado a comparecer, especialmente pela dificuldade de recomposição no mercado enquanto os milionários contratam jogadores de destaque.

Óbvio que existem os apaixonados e que vão ao estádio de um jeito ou outro. O que não podemos ignorar é a mudança de perfil do consumidor de futebol. Nas décadas de 1960, 1970, 1980 e 1990, o apaixonado e fanático prevalecia em qualquer clube. Na Macaca, mais ainda.

Hoje, queiramos ou não, o amor incondicional divide espaço com o torcedor que utiliza futebol apenas e tão somente como entretenimento. Olha o resultado no celular, vê melhores momentos de um jogo ou outro e quer participar da mobilização apenas nas decisões. Como atrair este pontepretano após a decepção no Paulistão? Eis uma questão que procuro a resposta.

Outra mudança é o mosaico de preferência reinante na cidade. Antigamente, a Ponte Preta tinha apenas o Guarani como concorrente de mercado. Hoje, o Corinthians, sua torcida numerosa e o orçamento bilionário é a principal dor de cabeça. Como sustentar a motivação da torcida se todo o foco da imprensa nacional é para os grandes clubes? Pois é.

Junte esta conjuntura com frustrações recentes, como a derrota na Copa Sul-Americana para o Lanús, o vice-campeonato na Série B de 2014 e o fracasso na decisão contra o Corinthians. Alguns de modo correto argumentam que o time mostra força, organização e planejamento para chegar às decisões. Mas existem quem considera sinal de incompetência.

Uma sensação reforçada pelas atitudes da própria diretoria. Que em dado momento peca pela falta de comunicação. Em outras parece ter pendor em desagradar a ala tradicional do clube que pede a preservação das características do uniforme do clube. Ou de promover apostas equivocadas como a de Felipe Moreira como treinador.

Pegue todo esse cardápio e chegue a uma conclusão: o pontepretano que mantém inabalável a sua fé e incentivo é, antes de tudo, um forte. Merece respeito, consideração e todas as homenagens. Sua missão é ajudar a encontrar formas de arregimentar torcedores de outras vertentes.

(análise feita por Elias Aredes Junior)