São dois jogos disputados como visitante. Duas derrotas. Zona intermediária da tabela. Obrigação de vencer o Boa Esporte, nesta terça-feira, no estádio Brinco de Ouro da Princesa. Recém-chegado a Série B do Campeonato Brasileiro, o Guarani deveria pegar um espelho e questionar o que deseja da competição. Quais suas ambições e anseios. Os sinais emitidos são conflitantes, desconexos e confusos.
Quem contrata jogadores do quilate de Richarlyson e sustenta no seu elenco atletas como Emerson Páscoa, Gabriel Leite, Bruno Nazário, Juninho e uma comissão técnica sob o comando de Vadão, não há dúvida: quer o acesso. Vai lutar com todas as forças para subir. Deixar de somar um único ponto como visitante é sinal de preocupação. A atitude correta não é jogar a toalha ou exibir um discurso pessimista e sim, apostar em reação nas próximas rodadas.
Dificuldades? Todos têm e administram. Dividas, pressão da torcida, falta de recursos para grandes contratações…argumentos existem para abraçar o conformismo e o baixo astral. Só existe um detalhe: quando o dirigente, jogador ou treinador abraça esta tese o flerte com o perigo é eminente.
Digo isto porque circula em grupos de Whatsapp um áudio com declarações do futuro presidente do Guarani, Palmeron Mendes Filho e gravado após a derrota em Goiânia. Ele cita que recebeu mais de 1,1 mil mensagens com elogios e criticas após o jogo no Serra Dourada. Na descrição, Palmeron vaticina que o campeonato será difícil, os recursos estão escassos e que só o incentivo da torcida do Guarani será capaz de alavancar a campanha.
Entendi a intenção do dirigente de marcar posição, de não se omitir em um instante delicado. Merece elogios tal atitude. A questão está no conteúdo. Rescaldado por anos e anos de decepções, o torcedor do Guarani poderá entender que o discurso pode ser uma rendição, uma conformidade diante do quadro momentâneo.
Já disse por diversas vezes que o foco deve ser a obtenção de 45 ou 46 pontos e posteriormente sonhar com patamares mais altos. Isto é análise, não é palavra oficial do clube. Que deve e tem que ser diferente. Exalar otimismo para mobilizar a torcida e preencher as arquibancadas do Brinco de Ouro. Exemplo disso é o próprio Vadão, rápido em estipular minimetas de 10 pontos conquistados a cada seis rodadas. Ou seja, ele busca 60 pontos e os dois confrontos com o Internacional para alcançar o passaporte ao paraíso.
O fato é que na teoria e na prática temos discursos e atitudes conflitantes no Guarani. É preciso afinar o discurso. Para que todos remem para o lado que interessa: a construção de uma campanha digna na Série B e, se possível, com o acesso de brinde.
(analise feita por Elias Aredes Junior)