Ponte Preta-1977: quem faz história nunca sai do coração!

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O Corinthians definido como finalista do Paulistão provocou uma corrida nas redações dos canais de televisão por assinatura. Produtores ávidos por personagens pontepretanos da final de 1977.

Tudo para relembrar casos. Rui Rei é a jóia da coroa em virtude de sua expulsão e entrevero com o árbitro Dulcídio Wanderley Boschilla no confronto de 17 de outubro de 1977. Nunca é demais lembrar o que aquele time montado por Zé Duarte sofreu uma pressão jamais vista. Era o melhor da competição e na prática perdeu para um sistema que na época queria utilizar o futebol como instrumento de manipulação e alienação.

A comoção por tirar o Corinthians na fila era tamanha que a Rede Globo chegou a promover um concurso cujo nome era “Neste ano o Corinthians vai ser campeão”, em que times amadores com o nome famoso se envolviam em uma disputa parelela. Sem contar a contaminação do ambiente esportivo pela política.

O Brasil vivia ditadura em processo de queda lenta e gradual e de certa forma o governo estadual, sob o comando de Paulo Egydio tinha interesse em ver o Corinthians campeão. Para completar o clima nada amistoso o advogado Francisco Amaral, do oposicionista MDB vivia seu primeiro ano como prefeito de Campinas. Tais fatores contribuíram e muito para uma hostilidade contra a Macaca.

Para os aliados da ditadura militar, o cenário ideal seria a viabilização de um massacre com a final sendo decidida em dois jogos. Afinal, o Morumbi foi palco definido. Após a vitória no jogo inicial por 1 a 0, o Corinthians já encomendava as faixas. No segundo jogo, a Ponte Preta, em atuação memorável de Dicá venceu por 2 a 1 e com 146.082 pagantes nas arquibancadas. Recorde que jamais será quebrado. Quatro dias depois, aconteceu o que todos estão enjoados de ver e rever.

Os fatos relatados provocam discordância em relação ao pensamento de Dicá, o maior jogador da história da Ponte Preta. Recluso, não deu entrevistas. Em nota oficial explicou em determinado trecho: “(…)Agora, porém, vou optar pelo silêncio, pois acho que o atual momento não é meu. Minha chance de conquistar o título paulista da primeira divisão infelizmente passou. Agora, todo o foco deve estar nos atuais jogadores. O mérito é deles, são eles que estão muito próximos de conseguir esse feito histórico (…)”.

Com todo o respeito ao Dicá, mas é impossível retirar estes homens e heróis da memória: Carlos, Jair, Oscar, Pollozzi e Odirlei; Vanderlei, Marco Aurélio e Dicá; Lúcio, Rui Rei e Tuta. Ao lado de Zé Duarte, são figuras emblemáticas que estarão na mente dos pontepretanos.

Se o título acontecer estes pioneiros podem reivindicar uma parte da conquista. Quem faz história nunca sai do coração.

(análise feita por Elias Aredes Junior)