Ponte Preta e empate com Vila Nova: hora de reflexão e ajustes. Jamais de caça às bruxas

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Empate com sabor de derrota. Gol tomado nos minutos finais. Quatro partidas sem vencer. Como o time atingiu os 44 pontos, a sensação de frcasso na Ponte Preta é amenizado. Podemos desfilar desculpas, justificações e explicações sobre a queda de produção. Ou culpar o técnico Hélio dos Anjos e sua comissão técnica.

Não concordo com nenhum destes argumentos. Nesta reta final de campeonato é preciso ter discernimento para entender o contexto gerado a partir do gramado. 

Vamos partir do principal: nenhum torcedor pode ter coragem de criticar de modo veemente estes jogadores. Não dá. Porque foram esses mesmos atletas que mudaram o astral de um time que começou o ano rebaixado para a segunda divisão do futebol paulista. Um time que ficou com a pecha de fracassado e que deixou a nova diretoria na berlinda. Marco Antonio Eberlin parecia condenado.

Pense.

Pondere.

Reflita.

Do dia para noite, a Macaca precisou montar uma reformulação poucos dias antes da Série B do Campeonato Brasileiro. A Ponte Preta passou o primeiro turno inteiro fazendo testes e em busca de um time titular.

Para começar, uma busca desesperada por um camisa 10. Alguém que articulasse as jogadas, incrementasse a bola parada e que fosse uma referência aos companheiros e a torcida.

O escolhido foi Elvis. A negociaçao foi dificil, truncada e exigiu que o presidente Marco Antonio Eberlin fizesse uma viagem a residência do atleta para fechar o negócio e convencer o atleta e o empresário.

Deu certo e em pouco tempo, Elvis caiu nas graças do torcedor e comandou a Ponte Preta em reação sensacional a partir do segundo turno. Somou 22 pontos em 19 rodadas e agora tem os mesmos 22 pontos com quatro rodadas a serem disputadas. Desempenho aprovado com louvor. 

Como devemos encarar a atual queda de produção? Primeiramente com cautela. É hora de cobrar e exigir dos jogadores uma reação na reta final, mas de modo diplomático e calmo, sem promover caça as bruxas.

E entender algo fundamental: essa queda de produção já deveria ter ocorrido há tempos.

Sim, porque se o time pontepretano tivesse se encontrado desde o começo do ano e fizesse um bom Campeonato Paulista não seria delirio imaginar que mesmo com um bom primeiro turno, a oscilação poderia aparecer.

Agora, pense que com o rebaixamento no Paulistão, o turno inicial foi quase que um laboratório a céu aberto em que o técnico Hélio dos Anjos tentou buscar uma formação titular.

Quando encontrou um jeito de jogar o time arrancou no campeonato e quase sonhou com o acesso. Agora, para entender a conjuntura atual,  junte a exigência dos jogos, o desgaste emocional gerado pela luta contra o rebaixamento e o final de temporada que naturalmente produz um desgaste físico fora da conta. O desgaste físico e queda de produção até que demorou para aparecer. 

E o tormento poderá surgir em 2023. Afinal de contas, mesmo com uma base mantida, será muito dificil a diretoria da Ponte Preta evitar uma remontagem do time assim que for encerrada a Série A-2. E da-lhe esforço novamente para um time competição na Série B. É, o Ponte Preta não tem minuto de paz. Mas talvez se tivessem sentimento tão precioso, talvez não seria Ponte Preta. 

(Elias Aredes Junior-com foto de Álvaro Junior-Pontepress)