Ponte Preta: Querem convencer a torcida que viver na alienação e em mundo cor de rosa vai garantir a permanência. Uma armadilha maléfica!

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Passei o restante do domingo antenado com as noticias do futebol campineiro. A torcida da Ponte Preta está revoltada. Triste. Inconformada. Impossível tirar sua razão. Após 100 rodadas na divisão de elite, a equipe volta a figurar na zona do rebaixamento.

O comum é que seja detonado o discurso de união e pacificação. Juntar forças, todos na mesma direção para salvar a Ponte Preta. Uma adesão cega, unitária, sem reflexão.

De um lado o sofrimento. Do outro que sejam esquecidas as criticas. Todos os erros devem ser ignorados ou colocados para debaixo do tapete. Eis que pergunto: para que? Com que objetivo? Desculpem os desesperados de plantão: esse “acordo” é uma algo manco, frágil.  Conversa para boi dormir.

Justifico com fatos. Em 2003, o time ficou meses e meses com salários atrasados, o presidente Sérgio Carnielli desapareceu do mapa e o pedido de trégua foi estabelecido e suplicado. Inclusive por integrantes da imprensa. Escapou do rebaixamento? Concordo. Mas três anos depois, o time caiu de ponta a cabeça, o racha político foi estabelecido e o time amargou a queda para ficar longos cinco anos na segunda divisão do Brasileirão. Pergunto: a trégua trouxe frutos duradouros? Não, não trouxe.

Pegue a máquina do tempo e vá até 2012. O elenco montado por Ocimar Bolicenho e Marcus Vinicius precisou suar sangue para ficar na primeira divisão. Qual a promessa feita? Que existiria qualificação no ano seguinte e o tudo seria diferente. Balela. Rebaixamento para a Série B e crise econômica sem hora para terminar. O que você ouvia em todas essas ocasiões? Que não se devia criticar. Seria inadequado apontar os erros da diretoria. Ou seja, alienação pura.

Estamos em 2017. Temporada marcada por toneladas de erros de planejamento e contratações por parte do gerente de futebol Gustavo Bueno. João Lucas, Fernandinho, Lins, Fábio Braga, Ramon, Luis Ali, Naldo, Jadson, Negueba, Artur, Xuxa…A lista parece não ter fim. Acrescente um técnico com uma história legal e bonita na Ponte Preta -Gilson Kleina- e que ficou 24 rodadas sem conseguir dar padrão de jogo.

Na diretoria, o presidente do clube Vanderlei Pereira considera salutar governar e acompanhar o departamento de futebol por rede social ou celular, atitude idêntica tomada pelo diretor de futebol, Hélio Kazuo. Sem contar a guerra surda e intimidadora na direção de quem deseja fazer oposição – um direito em qualquer regime democrático- ou um jornalismo voltado a fiscalização.

Reflita sobre tal comédia de erros. Vale a pena “esquecer” tudo isso em nome de uma pretensa salvação? Desculpe o termo grosseiro mas será inevitável: É válido ser feito de bobo novamente?

Aceitar esse apelo de preço vil  querer abraçar a alienação. É recusar-se a entender que o futebol todos devem exercer seu papel e que a torcida e a imprensa jamais devem deixar de adotar a lucidez e o espirito critico como norma de conduta. A fatura negativa chegará. Cedo ou tarde.

Se a Ponte Preta encontra-se na zona do rebaixamento não é por causa de uma cobrança da arquibancada ou por uma critica de gente do mundo da bola. Nem por causa dos comentaristas e dos setoristas que cobrem o dia a dia do clube. A presença (momentânea!) na zona do rebaixamento é fruto de empáfia, arrogância, recusa em admitir os erros, falta de diálogo com os diferentes e de qualidade no vestiário.

Pedir para que a razão de ser da Ponte Preta (a torcida) feche os olhos para este estado de coisas não é querer o bem da Macaca. É pedir o autoengano. Qual a saída? Simples: liberdade para o torcedor encher as arquibancadas e torcer e cobrar quando achar necessário; Democracia e liberdade de expressão a quem é direito e exercício do jornalismo como ele deve ser feito. Sem bajulação e sim com espirito crítico e independência.

A outra fórmula abraçada em oportunidades anteriores já está comprovada: é um tiro no pé. De fuzil.

(análise feita por Elias Aredes Junior)