Pontos positivos e negativos gerados pela chegada de Gilson Kleina na Ponte Preta

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Gilson Kleina volta para a Ponte Preta. Em situação diferente do passado. Quando foi anunciado em dezembro de 2010, era um desconhecido com boas passagens pelo Duque de Caxias. Superou preconceitos e resistências e venceu no Majestoso. Saiu de modo atabalhoado rumo ao Palmeiras, em que amargou o rebaixamento em 2012 e foi campeão da Série B de 2013.

Suas andanças por Avaí, Bahia, Coritiba e Goiás não foram bem sucedidas.

Vive um recomeço de carreira. Passar para a fase seguinte da Sul-Americana, alcançar a final do Campeonato Paulista e sequer passar susto em relação ao rebaixamento no Brasileirão são suas missões. Não se sabe com antecedência o resultado da aposta. Existem pontos positivos e negativos para serem analisados.

Que tal destrincharmos? 

Bom relacionamento com Carnielli: Gilson Kleina foi o técnico que mais tempo ininterrupto trabalhou na Macaca desde que o presidente de honra assumiu o poder: 115 jogos com 48 vitórias, 32 empates e 35 derrotas. Só saiu porque recebeu proposta do Palmeiras. Por ter comunicado o desligamento pessoalmente aos comandantes ganhou crédito. Ganhará tempo e respaldo para implantar sua filosofia de trabalho.

Entrosamento com os jogadores: nem os péssimos resultados obtidos no Bahia, Coritiba, Avaí e a sua passagem razoável no Goiás não apaga uma de suas características, a boa relação que estabelece com os jogadores. Blinda até o último grau e ganha confiança de todos no vestiário. Pode ser um trunfo poderoso para preservar jogadores como Clayson e Matheus Jesus, atualmente na mira da torcida.

Relacionamento sadio com imprensa, dirigentes e funcionários: Futebol bem sucedido tem como ingrediente clima e ambiente. Também. Nos clubes em que trabalha, Gilson Kleina estabelece uma relação de confiança e cumplicidade com a estrutura interna do clube e transmite transparência junto a imprensa. A postura concede fôlego ao trabalho caso ocorra algum imprevisto.

Estilo de jogo definido: Não há meio termo. Gilson Kleina tem um pensamento de futebol. Suas equipes jogam muita disposição física, força de marcação, encurtam os espaços e exploram os lados do campo para puxar os contra-ataques. De preferência, adota um esquema com três volantes, sendo que dois ou precisam exibir força e vitalidade para chegar na frente ou de técnica para auxiliar o único armador. A bola é trabalhada no meio-campo, mas de modo vertical, na direção do ataque, sem valorização da posse de bola. Gosta e prefere um centroavante de referência para explorar o jogo aéreo. Das duas uma: ou vai dar força ao garoto Yuri ou pedirá a contratação de reforços.

A vida não é feita de flores. Existem espinhos. Gilson Kleina não foge a regra. Alguns pontos negativos não podem ser ignorados. Vejamos:

Desempenho ruim: após saída do Palmeiras, Gilson Kleina não teve mais oportunidade em nenhum dos 12 clubes grandes. Teve desempenho insatisfatório no Avaí, Coritiba e Bahia. No Goiás, mesmo com aproveitamento de 55,1% a insatisfação da torcida era latente. Terá que chegar na Ponte Preta e comprovar que até agora só viveu um acidente de percurso.

Falta de títulos: Sem enrolação. A torcida da Ponte Preta quer um título. Ou disputar ou ambicionar chegar nas primeiras posições. Pelo retrospecto recente, Gilson Kleina é o profissional ideal para construir equipes sólidas, com campanhas intermediárias e sazonalmente chegar em fases decisivas. Seu último título foi na Série B de 2013 com o Palmeiras. Além disso, tem o Campeonato Alagoano de 2006 com o Coruripe e o paranaense de 2002 com o Iraty. Muito pouco para quem vai encarar uma torcida sedenta por fazer história.

Clima político: A Ponte Preta vive período eleitoral. A oposição está mobilizada para tomar o poder. Em contrapartida, na prática, Gilson Kleina teve o aval apenas de Sérgio Carnielli para retornar. Terá que demonstrar jogo de cintura para não ser engolido por uma disputa fraticida de poder. Dentro e fora do gabinete.

A impaciência do torcedor: Quando chegou em 2010 para dirigir a Ponte Preta, Gilson Kleina trabalhou em um clube que estava há quatro temporadas na Série B e nunca tinha disputado uma competição internacional. Hoje, ele assume uma equipe cujo desempenho no Brasileirão superou as expectativas – oitavo lugar com 53 pontos- e que tem no currículo um vice-campeonato da Copa Sul-Americana e um orçamento que beira os R$ 50 milhões anuais para tocar todo o departamento de futebol. Ou seja, a exigência da torcida cresceu. Muito. Não há tempo para experiência. Os resultados tem um prazo para acontecer: para “ontem”. Senão, a temperatura vai aumentar.

Estilo de jogo: Desde a saída de Guto Ferreira, em 2015, a torcida pontepretana gosta e aprecia equipes com ambição de vitória. Nem que seja para abraçar uma forte marcação. Gilson Kleina aposta primeiramente na construção de uma boa defesa, adoção de forte contra-ataque. Pode gerar conflito. Sua capacidade de diálogo e de convencimento será colocado a prova.

As peças estão colocadas. O sucesso ou o fracasso de Gilson Kleina vai depender e muito da imposição de alguns destes fatores. A sorte está lançada. Que a Ponte Preta prevaleça.

(análise feita por Elias Aredes Junior)