Quem vivencia os atuais fatos no Guarani e do futebol brasileiro talvez não tenha noção da queda de qualidade de gestão. Os comandantes atuais do Alviverde são beneficiados por uma mediocridade generalizada. No gramado e de quem tem a posse da caneta. Uma piada ou galhofa que na atualidade ganha contornos de genialidade seria considerado apenas um gracejo sem graça ou inconsequente no passado.
Não exagero. Basta encarar a reflexão. Em meados da década de1970, Francisco Horta abalou as estruturas do Fluminense. Uma política agressiva de contratações e craques como Rivelino e Paulo César Caju foram feitos que entraram para a história do futebol nacional. É o mentor da máquina.
Vicente Matheus era o autor de frases deliciosas. Exibia, um jeito paternal de tratar com treinadores, jogadores e repórteres e foi o condutor pela conquista do título paulista que tirou o Corinthians de uma fila de 23 anos.
Continue na máquina do tempo. Vá especificamente para 1976. Naquela ocasião, Márcio Braga, juntamente com personalidades do porte de Walter Clark e o jornalista Zózimo Barroso do Amaral criaram a Frente Ampla do Flamengo, grupo político encarregado de montar as diretrizes responsáveis pelos títulos brasileiros de 1980, 1982 e 1983, além do mundial de 1981. Fez história.
Mário Celso Petraglia, com jeito autoritário e controverso, tirou o Atlético-PR de um estado pré-falimentar, viabilizou uma arena, um Centro de Treinamento de último tipo e o título brasileiro de 2001.
Se citarmos os dirigentes marcantes em Campinas também história para contar. No Guarani, Jaime Silva, empreendedor da construção de boa parte do setor social da agremiação; Leonel Martins de Oliveira, o administrador que estabilizou o clube na década de 1970; ou Ricardo Chuffi, condutor da conquista do título brasileiro de 1978. Entendedor de futebol como poucos, Beto Zini tem lugar reservado na galeria de bons dirigentes do Alviverde.
Até agora, citei oito dirigentes. De diferentes clubes. Seja sincero: você acha que Horley Senna equipara-se a estas lendas? Pode sacramentar seu nome no portifólio de grandes dirigentes ao tirar sarro do rival e vestir a camisa do Lanús e a foto espalhar-se pelas redes sociais? Ou escrever mensagens ofensivas ao presidente pontepretano no site oficial? Um presidente que entrará para a história porque dependeu de um empresário para pagar dívidas trabalhistas e em troca encaminhar a entrega de um estádio é uma pessoa marcante?
Horley Senna pode sim vangloriar-se de muitos feitos de sua gestão, como o pagamento de dívidas trabalhistas e o acesso na Série C. Só que ao fazer uma comparação histórica, queiramos ou não, ele é apenas um cisco perto da grandiosidade perpetuada por dirigentes que cravaram seus passos tanto no Brinco de Ouro como no futebol brasileiro.
(análise feita por Elias Aredes Junior)