Ao conversar com amigos responsáveis pela cobertura do cotidiano do Guarani, sou informado de que a situação do técnico Umberto Louzer é delicada. Tem a obrigação de vencer o CSA, terça-feira, na casa do oponente. Detalhe: o vice-líder da competição. Caso contrário, o duelo do sábado diante do Vila Nova ganhará ares de inquisição.
Mexo como meus botões e não entendo a incapacidade do Guarani em aprender com os erros. Repete de maneira capaz de irritar qualquer interlocutor. Qualquer um. Esquece dos segredos desvendados e que lhe deram o triunfo.
Aos fatos. O Guarani subiu na Série A-2 de 2007, na Série C de 2009, na Série B de 2009, na segundona paulista de 2011 e na terceirona de 2016. Excetuando-se Carbone, há 11 anos, e Vilson Tadei em 2011, em todas as outras oportunidades, o Alviverde teve o acesso porque bancou o treinador do começo ao fim.
Quando investiu na troca desenfreada de treinador ou colheu um rebaixamento indesejado ou campanhas rídiculas. O camisa 10 do Guarani atende pelo nome de continuidade. Estabilidade para colher um trabalho de médio e longo prazo. Algo desfrutado pelo próprio Louzer, que disputou o acesso regional do começo ao fim e foi premiado com o título. Nada é por acaso.
Que tal uma viagem no tempo? No dia 26 de agosto do ano passado, o Guarani perdeu do Figueirense por 2 a 1 e, nos dias subsequentes, o então técnico Oswaldo Alvarez foi demitido. Por telefone. Deixou o time na oitava posição com 31 pontos. Marcelo Cabo e Lisca disputaram mais 16 jogos e somaram 13 pontos, o suficiente para o time permanecer. No sufoco.
O torcedor está na dele. É passional e protesta sem medir as consequências. Fica a pergunta: valeu a pena os integrantes do Conselho de Administração serem afobados e realizarem uma troca que nem de longe produziu os efeitos esperados? Você argumenta que, dias depois, Vadão assumiria a Seleção Feminina. É verdade. Certamente ele teria muito mais chances de angariar os pontos necessários. E sem passar sufoco.
Assegurar Umberto Louzer é sucesso garantido? Longe disso. Até porque o próprio comandante pode sentir-se impotente e pedir as contas. Só que a sua permanência é primordial para o Bugre ter uma ideia, uma filosofia de futebol.
Quase um ano depois, nada disso acontece. As mãos dos mesmos dirigentes que ceifaram Vadão parecem encontrar-se em polvorosa, prontos para cometerem nova injustiça. O Guarani tem relutância em aprender com a história.
(análise feita por Elias Aredes Junior)