João Brigatti é o técnico interino da Ponte Preta. Não faltam defensores para sua efetivação. Na arquibancada principalmente. Após gestões decepcionantes de Eduardo Baptista e de Doriva, nada melhor do que nomear um profissional identificado com o clube e capaz de empurrar o time à vitória. Por bem ou por mal.
Compreendo e entendo os argumentos. Sempre é melhor contar ao seu lado com gente próxima e conhecedora dos seus dramas. João Brigatti encaixa-se de modo perfeito no modelo.
Tais conceitos deveriam ser abraçados quando o futebol era analisado de modo superficial e sem nexo. Os tempos mudaram. E é preciso analisar com cuidado algumas armadilhas presentes.
Uma delas é a camaradagem que cerca João Brigatti. Não digo a respeito da torcida. Ela tem seus ídolos e cabe respeitá-la. Qualquer pessoa que conhece o mundo da bola em Campinas sabe que Brigatti goza de certa blindagem por parte de alguns (alguns! Vou repetir: alguns!) integrantes da mídia e ex-dirigentes. Ninguém lhe critica. Não há coragem de lhe apontar defeitos e equívocos.
Brigatti orou após um jogo? Normal! Brigatti detonou torcedores que ousam apontar os defeitos de um time que lutou contra o rebaixamento no Paulistão? Normal, fruto da paixão.
Doriva foi julgado e condenado pelas decisões equivocadas. E como será com Brigatti? A opinião pública vai ignorar quando ele jogar mal, mesmo quando estiver com reforços à disposição? E se for construída uma sequência de três ou quatro vitórias? Até que ponto o ufanismo exacerbado vai esconder seus defeitos?
Efetivar Brigatti seria uma medida correta e salutar se a Ponte Preta contasse com um dirigente de futebol com pulso firme e capaz de segurar sua verborragia, debater suas escolhas táticas e escalações e corrigi-lo no tempo devido.
Que Brigatti demonstre o amadurecimento requisitado para o cargo.
(análise de Elias Aredes Junior)