O grupo de classificação da Série B do Campeonato Brasileiro não irá mudar independente dos resultados desta rodada. Internacional, América Mineiro, Ceará e Paraná continuam próximos do passaporte redentor. O Guarani luta para fugir do rebaixamento. Contra tudo e todos. Pior: profissionais integrados nos adversários e com ótimo desempenho no passado recente do Guarani não são valorizados em Campinas. Por que? Culpa de um provincianismo tacanho reinante e de um preconceito obscuro que atinge o nosso dia a dia.
Se o Paraná conseguir o acesso deve render homenagens ao executivo de futebol Rodrigo Pastana. Sim, o mesmo que trabalhou no Guarani na terceirona no ano passado e que foi sistematicamente boicotado nos corredores do estádio Brinco de Ouro, assim como o seu braço direito Marcus Vinícius Beck Lima.
Qual crime cometido? Não nasceram em Campinas. Não ficavam de bate papo nem com dirigentes ou integrantes da imprensa. Não bajulavam. Eram profissionais. Transparentes. Competentes. Isso não basta. Tem que ajoelhar, puxar o saco.
Qualquer pessoa minimamente bem informada sabe que sem a interferência do empresário Roberto Graziano Rodrigo Pastana e seu staff jamais desembarcariam por aqui. No dia seguinte ao acesso, quem carregou o estandarte do heroísmo foi o ex-presidente Horley Senna. Nada mais equivocado. Enquanto os dirigentes bugrinos e até parte da cidade não reconheceram o valor de Pastana, o Paraná tomou o caminho contrário. Provavelmente vai conseguir o acesso.
Assim como foi inexplicável a falta de apoio ao trabalho do técnico Marcelo Chamusca dentro do clube e até de setores da crônica esportiva. Excetuando-se a derrota para o ASA em Arapiraca e diante do ABC em Natal em boa parte da competição o Guarani exibiu uma defesa sólida, um sistema tático definido e um treinador capaz até de driblar algumas dificuldades, como ausência de centroavante, resolvida com a chegada de Eliandro. Pois poucas vezes na história verificou-se um treinador tão perseguido e criticado. Cravar que é por sua incompetência é uma mentira deslavada. Assumiu o Ceará e está próximo de retornar a divisão de elite.
Existe um motivo obscuro, intramuros, que jamais ninguém vai admitir e que contaminou parte (parte!!! Não é todo, entendeu!? Ok, vamos seguir em frente) da torcida e da imprensa local: o fato dele ser nordestino. Nascido em Salvador (BA), Marcelo Chamusca fez boa parte de sua trajetória no futebol da região. Um local capaz de produzir equipes do poderio de Bahia, Sport, Vitória, entre outros. Nem a chancela de Vadão, um campineiro adotado, serviu para amenizar a perseguição. Junte tal característica a falta de respaldo e o desgaste pela falta de estrutura e o desembarque de Chamusca está sacramentado. Este Só Dérbi lhe criticou várias vezes é verdade, mas nunca deixou de apontar seus vários acertos.
O futebol é imponderável. Pode dar tudo errado. No entanto, será que a manutenção de toda a estrutura e suporte financeiro da Série C não produziria resultado melhor na segundona paulista deste ano? E frutos seriam colhidos na atual Série B? Pois é. Mas Campinas não quer desfazer-se de seus fantasmas. Infelizmente.
(análise feita por Elias Aredes Junior)