Romper com empresários, com tudo e todos é o caminho ideal para a redenção do Guarani?

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Existem conceitos difíceis de se colocar na cabeça de dirigentes. O principal: eles ocupam um cargo político. Quando falo sobre política eu me refiro a parte positiva do conceito. Alguém capaz de aglutinar, conversar, convergir, aparar arestas e utilizar o diálogo como trunfo para impedir possíveis malefícios ao clube.

Ao dissecar este conceito, os dirigentes bugrinos aparecem no espelho. Torcedores podem torcer o nariz mas considerei a decisão de vetar negócios com os empresários Luis Carlini, Fábio Bombardi, Vifran Pompeu e Lê é de um equívoco sem precedentes. Pode gerar um efeito cascata de efeito colateral imprevisível.

Sem demagogia: os empresários foram beneficiados pela Lei Pelé. Representam os interesses dos jogadores desde as categorias de base e levam percentuais sobre cada negócio. Sentam na mesa de negociação com os dirigentes. Não representam um jogador e sim vários e de variados niveis de qualidade.

Atuei como repórter por vários anos e atesto com segurança que empresários tem uma relação próxima uns com os outros. Quem estabelece uma boa relação com as agremiações sai na frente e ganha brecha para bons negócios. Quem arrisca uma posição mais ousada não tem final feliz. No ano passado, o Goiás limitou negócios com empresários e estipulou faixa salarial de R$ 50 mil mensais. Terminou rebaixado.

Com o futebol quebrado, arrebentado e os clubes de joelho pergunte ao mandatário de  algum clube gigante se ele abre mão de negócios com empresários e firmas como DIS Sondas, BMG, Elenko, Carlos Leite, Eduardo Uram, Juan Figger, entre outros. Vagner Ribeiro já empresariou Robinho, Neymar e Kaká e os dirigentes nitidamente torcem o nariz para suas atitudes. Deixam de fazer negócio, de assinar contratos com seus representados? Não! Por que? Por que ele representa atletas de ponta e os clubes precisam destes personagens para justificar seu lugar no olimpo do futebol.

Recolocamos o Guarani no holofote. Depois de quatro anos, o Alviverde voltará a disputar a Série B do Brasileirão. Tem obrigação de viabilizar o acesso na Série A-2. Para viabilizar o projeto precisa de algo primordial: dinheiro. Recursos. Bom relacionamento.

Tem dinheiro? Não o suficiente. Com R$ 600 mil de cota na segundona regional e outros R$ 5 milhões na Série B, o Guarani vai depender de um grande trabalho do técnico Ney da Matta.

Poderia conseguir mais? A resposta seria positiva desde que Roberto Graziano estivesse disposto a continuar com seus aportes financeiros excedentes, além do estipulado pela Justiça. Como ele e Horley Senna estão com relacionamento estremecido, a possibilidade por enquanto está afastada.

Outro caminho seria buscar ajuda dos empresários. Cansei de saber de histórias de empréstimos concedidos pelos “vilões” do futebol aos clubes em quadro deprimente. E agora? Como será o efeito cascata deste rompimento? Estes empresários não podem entrar em contato com outros empresários e detonar um sentimento de “má vontade” com o Guarani no mercado? O destino responderá.

Romper com tudo e com todos não é o caminho para preservar uma instituição. A instituição é defendida e ganha quando você senta na mesa até na frente de um suposto inimigo e tira algo que lhe trará dividendos no futuros. Mesmo com tudo isso o Guarani pode construir um 2017 exitoso? Pode. Até porque o esporte é imprevisível. Mas certamente os dirigentes escolheram o caminho mais difícil e tortuoso para o sucesso.

(análise feita por Elias Aredes Junior)