O Guarani encontra-se em processo eleitoral. Odair Paes Júnior e Palmeron Mendes Filhio são os condutores das chapas que lutarão pelo novo mandato do Conselho de Administração. Planos serão expostos, ideias serão formuladas, a esperança será vendida como ativo. Ficaria feliz se um conceito fosse vendido pelas duas candidaturas: a instalação de um espirito democrático radical, com plena ação de opositores e da liberdade de imprensa. E com apoio dos torcedores, pois uma parte na atualidade ignora preceito tão necessário e urgente.
O grupo político comandado por Horley Senna assumiu após o fracasso com a gestão Álvaro Negrão e tem sim vitórias a serem celebradas. Quitação de débitos trabalhistas, montagem de uma equipe que obteve o acesso à segundona nacional, melhoria da interlocução com a Justiça do Trabalho e liberação do tobogã. Legal, ótimo? Claro. Não há como negar. E os defeitos? Vamos colocar debaixo do tapete?
Afirmo tal conceito porque nos últimos dois anos, uma brigada informal instalou-se no Brinco de Ouro com a clara e explicita intenção de sufocar e cercear toda opinião contrária e com apoio de torcedores comuns, sem ligação com a direção e torcidas organizadas. A imprensa, por muitas vezes, sentiu-se constrangida a encaminhar críticas em relação as ações do presidente Horley Senna e de seus “pares”. A desculpa primária era de que os críticos “jogavam contra” e não tinham intenção de colaborar com a vida do clube.
Se os fiéis responderam com obediência, a consequência paralela não foi nada agradável. O Guarani conta hoje com aproximadamente 741 sócios, um número trágico se levarmos em conta que na década de 1980 o clube tinha 15 mil sócios. Em médio prazo, a deterioração é pior. Basta dizer que para ser eleito em 2011, o então presidente Leonel Martins de Oliveira precisou convencer um colégio eleitoral de 860 sócios e com o comparecimento de 536 para ser eleito. Ou seja, em seis anos o Guarani perdeu 121 sócios. Neste período, é verdade que foi registrado o rebaixamento na Série B em 2012 e no Paulistão de 2013. Mas o Alviverde chegou a decisão do Paulistão de 2012, conseguiu o acesso na Série A-2 em 2011 e na terceirona no ano passado. Como explicar o sumiço de 120 associados? Falta de espaço político e de opinião?
Culpar os atuais detentores do poder é fácil. Até porque só pode executar um plano quem têm aliados. E muitos aprovam tal procedimento.
A oposição, por sua vez, deve ser cobrada por um único motivo: muitos estavam do outro lado e aplaudiam o atual presidente. E se tomarem o poder vão adotar as mesmas estratégias? Esta resposta precisa ser dada de maneira clara, transparente e energética para que não pairam dúvidas.
Democracia, troca de ideias e a busca incessante de soluções, seja no convívio do clube ou na imprensa, é que faz uma camisa crescer. Pedir a postura dos dirigentes é pouco. Se o torcedor comum não abrir mão da alienação, do senso comum, do discurso manipulativo vai ser difícil imaginar um Guarani novamente em fase exuberante.
(análise feita por Elias Aredes Junior)