Sete dicas para qualquer treinador sobreviver no futebol campineiro

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Ninguém aguenta mais. Três ou quatro tropeços e a torcida já pede a cabeça, a diretoria atende e o técnico é demitido. Imediatamente, os dirigentes não sabem o que fazer e por vezes trilham dois caminhos: ou apostam em alguém com perfil diametralmente aposto ao do antecessor ou chamam figuras carimbadas. Falta de ideias? Criatividade ausente? O fato é que ser técnico de Ponte Preta e Guarani é um calvário.

Para facilitar a missão, o Só Dérbi resolveu dar sete dicas. Conselhos para que o treinador tenha vida longa, seja no Majestoso ou no Brinco de Ouro. Retiramos essas informações porque aqueles que ficaram mais tempo nos últimos anos aplicaram tais atitudes, inconscientemente ou não. Confira:

  • 1- Conheça a cidade: Entenda: Campinas é provinciana. Não quer crescer. Repudia a modernidade. Mas atura. Desde que o seu portador tenha uma postura simpática e de inclusão. Então, não pense duas vezes. Saiba o que é o Largo do Rosário, Lagoa do Taquaral, o Cambui e os principais pontos turísticos. Já quebra muita resistência
  • 2- Seja humilde com a imprensa: Seja com setoristas, comentaristas e narradores e proprietários de equipes esportivas, jamais e em tempo algum coloque-se em patamar acima. Ouça muito, seja um cara bonachão e cordato. Mesmo se for verdade, fazer papel de sabichão é a senha para ser fritado em fogo brando nos programas e jogos.
  • 3- Abrace os dirigentes: Quem escala é o treinador. Os titulares estão sob sua responsabilidade. Mas os dirigentes bugrinos e pontepretanos acham que entendem de futebol. Não entendem. Mas acham que sim. Então, ouça, bata um papo após um treinamento, concorde com as sugestões e no campo faça pela sua cabeça. Dica: jamais vire as costas se o dirigente quiser conversar. É o passo decisivo ao fracasso.
  • 4- Evite temas tabus: No Guarani, a torcida está traumatizada pelos rebaixamentos. Na Ponte Preta, a ausência de títulos é algo que dói (de verdade) nas arquibancadas. Por que abordar tais temas. O que se ganha em troca? Nada. Então silêncio.
  • 5- Revelações: Ponte Preta e Guarani tem tradição na revelação de jogadores nas categorias. E se existe algo pecaminoso é ignorar tal preceito e evitar lançar atletas. Lembrem-se quando Abner era pedido pelas arquibancadas da alvinegra e Davó era clamado no Guarani. Apostar em veterano só cria inimizade.
  • 6- Faça treinos abertos: o torcedor gosta e aprecia. Quer ficar perto do atleta e possuir um sentimento de pertencimento ao projeto. Exagerar nos treinos fechados e no distanciamento com quem está na arquibancada só piora a situação.
  • 7- Dérbi, a prioridade máxima: Esqueça o que você aprendeu sobre o futebol. Ou que todo jogo vale três pontos. Em Campinas, tudo balela. Na atual Série B, Guarani e Ponte Preta vão jogar 36 jogos e duas finais. Na primeira, a Ponte Preta ganhou. Depois teremos o clássico no Brinco de Ouro. Para as duas torcidas, não há mais importante. Quem não entender isso certamente tem vida curta.

 

(Elias Aredes Junior)