Sabem o William Shakespeare? O cara que escreveu Romeu e Julieta e Hamlet (entre tantos outros)… Pois bem, é dele a frase que diz haver “mais coisas entre céu e terra do que imagina nossa vã filosofia”.
Ele muito provavelmente não falava em futebol mas, enigmática que é, essa frase bem poderia servir para discussões intermináveis do mundo da bola. Penso aqui na polêmica camisa amarela da Ponte Preta.
Há dias não se fala em outra coisa entre os torcedores da Macaca que não a aceitação (ou rejeição!) do inusitado terceiro uniforme da Macaca. Amarelo? Nãoooooooooooooooooooooo. Ponte é preto e branco! Essa é a nossa tradição!! Devolvam nossas cores! Mas, perâe, estamos invictos com o “amarelão”! Será que seremos campeões de amarelo?
E lá se vão argumentos prós e contras. Textos compartilhados para endossar seu lado. “Vejam aqui o que o “fulano disse”. Não estou dizendo que é melhor (…)”
O fato é que esse universo de questionamentos e (sejamos sinceros) “cornetadas” é o que de mais profundo alimenta a essência de ser torcedor. Passar horas opinando não vai (quase sempre, não!) mudar em nada as decisões da diretoria, mas justifica muito do amor que se nutre pelo clube. Não deixo de falar (pensar ) em você….
Lendo os comentários de pontepretanos nas redes sociais, vejo que a maioria não gostou. Mas, e até pela minha incansável natureza de estar sempre contra a maré, argumento aqui que a ousadia da diretoria me agradou. Sim, pode ser só uma estratégia de marketing para vender camisas.
Sim, é estranho ver a “nega veia” de amarelo (assim como foi estranho ver o São Paulo de “vinho” ou ver o Corinthians de Roxo ou o Palmeiras com aquele verde limão fluorescente”).
Mas porque não podemos mudar de vez em quando? Não falo em romper padrões, ofender a tradição, mas sim em ser mais flexível. Eu me permito dizer que é até “bonitinho” o uniforme amarelo. E é gostoso ver todas essa movimentação – ver torcedores e torcedoras opinando com igual propriedade no assunto.
Aliás, quanta coisa não mudou também nas arquibancadas. Não estamos nós, mulheres, a escrever, debater, torcer, comentar com igual propriedade quando comparadas aos homens? Não conquistamos nós, as mulheres, pouco a pouco, nosso direito de gostar da “bola rolando” ser sermos chamadas de “maria chuteiras”?.
As mudanças nem sempre são negativas, muitas, são até necessárias. Mas, no caso da camisa da Ponte, é bom lembrar que não!, não é pra sempre. Assim como não foi com aquela camisa “cinza” da Lotto ou quando, em 1996, tiraram a faixa (camisa da Delerba) colocando um V no lugar. As camisas passam, o amor ao clube não!
(análise escrita por Adriana Giachini- Foto de Fábio Leoni – Ponte Press)