Nas ruas, redes sociais, no estádio ou em casa o torcedor da Ponte Preta é uma gangorra de emoções. E de avaliações. No dia 12 de março, após o empate contra o Corinthians por 1 a 1, sobravam elogios ao técnico João Brigatti e seu discurso otimista. Poucos criticaram a reza antes de iniciar a entrevista coletiva. Menos de uma semana depois, o mesmo treinador foi massacrado pelo discurso de que iria “atropelar” o Novorizontino.
Faço uma análise ampla do quadro e penso: como ficará o comportamento da torcida caso a Macaca passe pelas quartas-de-final, semifinal e decisão e consiga o tão sonhado título? Não é delírio. O time titular tem inúmeros problemas táticos e técnicos já abordados aqui neste Só Dérbi. No entanto, o nível técnico do Paulistão é um dos baixos dos últimos anos. As equipes do interior são horripilantes e os gigantes São Paulo, Santos, Palmeiras e São Paulo tem a irregularidade como aliada.
Pense: de modo natural, a euforia tomará a cidade. Os torcedores estarão inebriados pela realização de um sonho. Elevarão os atletas a condição de heróis e o técnico que for o condutor do processo entrará para a história da Macaca. Com justiça.
Neste doping involuntário, certamente existe o risco de se cair em uma armadilha: a de que o time está pronto, formulado e não haverá necessidade de reforços no Brasileirão. E hoje, de posse da razão acima da emoção sabemos que não é bem assim. Aliás, não é nada assim.
O Campeonato Brasileiro é outro mundo. A Ponte Preta vai encarar equipes poderosas, com elencos numerosos, milionários e com mil possibilidades. Mesmo os times paulistas terão a chance de estabilizar-se graças ao poderio financeiro. Basta olhar o site oficial de qualquer concorrente. O Palmeiras tem Michel Bastos, Borja, Guerra e até Rafael Marques como opções de banco; o Corinthians conta com Marlone. Na atual conjuntura, a Ponte Preta tem condição de igualar-se a estas equipes? Difícil acreditar.
A Ponte Preta tem um time de potencial técnico razoável e que disputa uma competição de nível técnico deplorável. Não tem um armador confiável para a reserva de Ravanelli e com passagem de ida para Porto Alegre comprada para William Pottker.
Que o torcedor mantenha um olho fechado para sonhar e outro bem aberto para cobrar e exigir que a Macaca e as arquibancadas não sofram o que vitimou América Mineiro, Santa Cruz e Internacional no ano passado. Achar que as dificuldades de baixa densidade vividas até abril sejam replicadas de maio até dezembro. Não vão.
(análise feita por Elias Aredes Junior)