Futebol e política tem pontos em comum. A principal é a de geralmente colocar a verdade camuflada e revelar no momento oportuno. Não, não estou dizendo nada em relação a mentira e sim a omissões necessárias.
Pegue o exemplo do Guarani.
Embalou na Série A-2 do Campeonato Paulista, tem três vitórias consecutivas após a entrada de Oswaldo Alvarez e de quebra tem um desafio: ao lado do Oeste é o único integrante da segundona regional que disputará 38 jogos a partir de maio.
Neste cenário, é óbvio que o planejamento precisa ser iniciado imediatamente. Já. Com pouco mais de 30 dias para o início da competição, as observações, análises e contatos com possíveis reforços é algo natural. Tanto que muitos destaques da Série A-1 do Paulista fatalmente jogarão a Série B e até o Brasileirão. Não se iluda: não serão contratações feitas de afogadilho e sem planejamento. Tudo será fruto de pesquisa e debate. De dias e dias.
Eis que o presidente bugrino Horley Senna utiliza o site oficial para publicar uma carta para desmentir as informações. Ok, é do jogo. Compreendemos a necessidade de se evitar a geração de especulações que possam atrapalhar a preparação da equipe para a reta final da Série A2.
O único problema encontra-se na parte final do texto e com a seguinte frase: “(…)Por fim, gostaria de afirmar que o elenco atual, staff e comissão técnica fazem parte dos planos para Série B e serão o alicerce de um Guarani forte na competição nacional(…)”.
Horley Senna que me perdoe, mas este trecho é um modelo acabado de disfarce e retórica. Concordo que tanto o staff como a comissão técnica são capazes de suportar os desafios da Série B do Brasileirão. Tanto que o atual comandante, a frente do mesmo Guarani foi vice-campeão da Série B de 2009 e segundo lugar no Campeonato Paulista de 2012.
Agora quanto ao elenco a verdade precisa ser dita: o time está melhor montado taticamente e conta com jogadores de bom nível, como Eliandro e Bruno Nazário, aptos a suportarem o desafio de uma competição nacional. E o restante? A torcida está inebriada com a melhoria de produção de alguns atleta porque eles estão inseridos em um torneio de baixíssimo nível técnico. Uma realidade a ser exterminada com a Série B.
Por pior que seja o orçamento dos times selecionados para sonharem com a divisão de elite, o poder de fogo deles é infinitamente superior aos que estão na Série A-2. Automaticamente podem contratar jogadores de melhor quilate em relação aos que o Guarani enfrenta na atualidade. Então, como dizer que o elenco será alicerce? Desculpe, não será.
Todo o incentivo e força devem ser direcionados aos que estão em busca do acesso.É justo, coerente e óbvio. Mas isso não exclui a nova realidade a partir de maio. Se Horley Senna e seus pares não sabem deveriam reconhecer o cenário. Antes que seja tarde.
(análise feita por Elias Aredes Junior)