Uma missão: o resgate do conceito pleno de democracia na Ponte Preta

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Escrevo antes do jogo contra o Cruzeiro. Com duas vitórias e a Macaca poderá dormir no domingo como integrante do grupo de classificação a Copa Libertadores. Um feito notável. Duas derrotas, no entanto, podem produzir sonhos indesejáveis. Não o tema central e sim outro ponto tão ou mais importante que um gol de placa: democracia.

A dinastia de 20 anos do grupo político do empresário Sérgio Carnielli pede uma reflexão. Porque independente daquilo que acontecerá nas próximas eleições na agremiação, alguns comportamentos devem ser destrinchados e explicados.

Digo logo de cara: queiramos ou não, as redes sociais vieram para ficar. Jogos de futebol são acompanhados minuto a minuto por milhares de torcedores espalhados pelo Brasil e mundo. Não serei louco de ignorar a ausência de maior contingente de torcedores no estádio Moisés Lucarelli.

É uma média de público pífia, como o Só Dérbi já demonstrou por diversas vezes em reportagens e artigos analíticos. Entretanto, existem torcedores que preferem emitir sua opinião pela internet ou por um grupo de rede social. Estes não podem ser alvo de constrangimento ou perseguição. Assegurar a sua liberdade expressão é primordial.

Este torcedor não é maior ou menor porque emite sua visão de futebol por intermédio da internet. Ele é, antes de tudo, pontepretano. Deve ser respeitado. Porque a partir do momento que a opinião de um fica abaixo de outro, um dos pilares da democracia está ameaçado: a igualdade.

Outro pilar que ameaça a vivência da democracia dentro da Ponte Preta é a desqualificação da opinião.

Seja contra ou a favor da atual diretoria. Mas não há como negar a visão ufanista e falaciosa de quem é defensor dos ocupantes dos gabinetes do Majestoso.

O raciocínio é simplório: se um torcedor critica a diretoria ou é um burro, mal-intencionado ou pessimista. Ou tudo junto.

Jornalistas também entram no balaio. Qualquer análise, na visão destes censores enrustidos o cronista só pode ficar restrito ao mundo da bola.

Qualquer notícia ou análise que contenha criticas administrativas ou de gestão a atual administrativa é respondida com criticas ou até a propagação de boatos maldosos sobre a idoneidade da pessoa. Pergunta: qual país em que a democracia determina aquilo que deve ser  falado ou não? O que isso traz de positivo?

Independente dos raivosos de plantão, alguns fatos positivos e negativos são límpidos. É verdade que o presidente de honra Sérgio Carnielli tirou a Macaca do buraco e colocou em lugar digno do futebol brasileiro. Também é verdadeira a afirmação que a Alvinegra é um clube saudável que paga suas contas e salários em dia.

Em comparação com outros clubes de médio e pequeno porte, o quadro muda. A Alvinegra fica devendo em termos de estrutura e de conquistas. E isso precisa ser trabalhado. Exagero? Confira os centros de Treinamento do Criciúma, Ceará, CRB e Goiás e todos saberão do que falo. Concordo que a conquista do título é consequência de bom trabalho. Tal cenário só ocorre, porém, com melhoria de condições de trabalho. E nisso, a Ponte Preta já melhorou. E precisa aprimorar ainda mais.

É fundamental que as pessoas tenham o direito de emitir suas opiniões. De Conselheiros frequentarem as reuniões do Conselho Deliberativo e se perfilarem a oposição sem medo de serem vítimas de qualquer tipo de constrangimento.

Uma comunidade só cresce e fica destemida não só com recursos, estrutura, mas especialmente com clima de liberdade e de troca de ideias. Seja na internet ou na vida real. Que todos aprendam conceito tão precioso na Ponte Preta.

(análise feita por Elias Aredes Junior)