Portador de glorias do passado, o Guarani teve o registro de nove rebaixamentos desde 2001, registrados em Campeonatos Brasileiro, Torneio Rio São Paulo e Paulistão. A conta veio nas arquibancadas. O esvaziamento é evidente em um período da história do clube. Em comparação com sua ultima participação na divisão de elite, em 2010, a queda bugrina no comparecimento é de 30,44%. Se o enfrentamento for do ano de 2010 com a temporada de 2015, o tombo é ainda maior: 58,67%.
Participante da atual edição da Série B, a missão do Alviverde é recuperar terreno e transformar o Sócio Torcedor ou no frequentador avulso em uma fonte de recursos.
Para medir o tamanho do desafio, este jornalista do Só Dérbi fez um levantamento que envolveu o Guarani e outros cinco concorrentes que também já foram campeões da Série B do Brasileirão: Goiás (campeão em 1999 e 2002), Juventude (1994), Paraná (1992 e 2000), Paysandu (1991 e 2001) e Criciúma (2002). São agremiações com passagens pela divisão de ponta como também pelas Séries B, C e até D, como é o caso do Juventude.
Se verificarmos o tamanho de suas torcidas, chegaremos a conclusão que todos souberam preservar a sua base de clientes. Detalhe: o único time que não temos dados a respeito é o Cricíuma. Confira o restante:
Goiás: 507.587 torcedores
Juventude: 78 mil torcedores
Paysandu: 656.878 torcedores
Paraná: 294. 387 torcedores
Guarani: 73.922 em Campinas e 195.300 na Região Metropolitana de Campinas
Antes de exibir as médias, é de bom grado mostrar o potencial de consumo de cada cidade. Porque não adianta uma base vasta de torcedores sem gente com poder de compra. Confira o valor médio recebido por cada trabalhador e as respectivas populações dos municípios:
Campinas: R$ 3736 (População: 1.173.370 habitantes)
Goiânia: R$ 3082 (População: 1448.639 habitantes)
Caxias do Sul (RS): R$ 2988 ( População: 479.236 habitantes)
Curitiba (PR): R$ 3829 (População: 1.893.997 habitantes)
Belém (PA): R$ 3362 (População: 1446.042 habitantes)
Criciúma (SC): R$ 2428 (População: 209.153 habitantes)
Todos têm concorrentes externos indesejáveis. O Guarani concorre com o Corinthians, com 20% da preferência de acordo com o Instituto Carlos Guimarães e
da rival Ponte Preta, atual integrante da divisão de elite do futebol brasileiro, que tem à disposição um portifólio de jogos mais atraente. Drama parecido vive o Paraná e em dose tripla: a concorrência do Corinthians com 1,5 milhão de torcedores no estado, e ainda a presença dos rivais Coritiba e Atlético Paranaense no Campeonato Brasileiro.
Em Caxias, o nome do tormento atende pelos nomes de Grêmio e Internacional. Segundo a pesquisa do Ibope publicada em 2014, o percentual daqueles que são gremistas ou colorados correspondem a 89,6% do estado. Sem contar a existência de 600 mil Corinthianos. Ou seja, sobra muito pouco. O levantamento exibe que 28,8% dos torcedores do norte e nordeste torcem pelo Flamengo. Vida dura para o Paysandu, assim como para o Criciúma, acossado pelos times gaúchos assim como oponentes do mesmo estado.
Após tomar conhecimento destas informações, confira a progressão da média de público de cada um:
Goiás: 2010– 7968; 2011-8059;2012-14185;2013-12680;2014-6942;2015-7971;2016-3816.
Paraná: 2010-3272;2011-3717;2012-3296;2013-6257;2014-3275;2015-3665;2016-2192.
Juventude: 2010-5482;2011-3953;2012-2861;2013-3247;2014-2297;2015-3430;2016-3777.
Paysandu- 2010-12467;2011-13482; 2012-9726;2013-7557;2014-15856; 2015-13737; 2016-8902
Criciúma: 2010-10671;2011-5981;2012-10290;2013-11548;2014-9089;2015-4586; 2016-4080.
Guarani: 2010– 7739;2011-2684;2012-2379;2013-3289;2014-1614;2015-3198; 2016-5383.
O que é interessante observar é que se na análise de longo prazo o Guarani perdeu tônus na sua média de público, o curto prazo traz alento. Entre 2015 e 2016, o aumento da média de público foi de 68,32%.
Em contrapartida, o Goiás, dono de uma cota de televisão de R$ 35 milhões viu sua média de 7971 torcedores em 2015 cair para 3816 no ano passado. Traduzindo: 52,12% de queda.
O torcedor bugrino não pode ser iludido: existe um longo caminho até o Brinco de Ouro ser palco de jogos com públicos relevantes.
(texto, reportagem e análise: Elias Aredes Junior)
(dados usados neste texto retirados do site do IBGE, Ibope, Paraná Pesquisas e Pluri Consultoria)