Velho x Novo: a batalha que afunda o futebol campineiro

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Estamos insatisfeitos com o rendimento do futebol campineiro. Ano após ano colhemos decepções. Assistimos as festas alheias enquanto patinamos em guerra de bastidores. Queremos fugir do assunto, nos recusamos a encarar os fatos como eles são. A constatação é que vivemos uma guerra surda em todos os setores: imprensa, jogadores, dirigentes e treinadores. Dois times em campo: velho x novo. De modo indireto, é essa batalha de ódio entre as duas partes, que leva o futebol de Campinas ao buraco.

Adeptos de velhas práticas do futebol desprezam solenemente as pessoas que dedicam anos e anos de estudos acadêmicos ou que abraçam a ciência do esporte como método. Em contrapartida, os defensores de novas metodologias escancaram seu preconceito ou resistência aos veteranos que de uma forma ou de uma outra ajudaram Ponte Preta e Guarani a chegarem ao atual patamar. Isto independe até da competência do profissional. Se ele abraça um “time” em detrimento de outro ele é fritado sem piedade.

Gilson, Guto Ferreira, Umberto Louzer e Marcelo Chamusca são discípulos da nova escola. Não tem receio de utilizar o arsenal fornecido pelos analistas de desempenho e de contar com dados científicos para viabilizar o maior número de informações possíveis. Erram? Óbvio. Todos os profissionais citados têm contribuições construídas. Antes de alcançar tal patamar, porém, seus métodos foram contestados pela velha guarda, sequiosa de ver no gramado, os chamados “professores” ou paizões que utilizavam a proximidade com repórteres, dirigentes e jogadores como trunfo. Indiretamente, somos todos saudosistas de nomes como Cilinho, Zé Duarte e Carlos Alberto Silva.

A cobertura da imprensa é um retrato. Uma parte dos profissionais entenderam a demanda dos novos tempos e mergulharam de cabeça nos livros e nas estatísticas. Sabem que os consumidores querem informações e análises  com embasamento. Essas pessoas têm como adversários o discurso empolado, o boleirês, a resenha chapa branca pronta para defender o atleta. Um grupo não conversa com o outro. O ódio é total geral e irrestrito. Quem perde? O leitor, telespectador, ouvinte e internauta. Somos reféns de um mar de vaidade. Todos.Sem exceção.

Nem preciso falar dos dirigentes. O futebol virou empresa. Foco para negócios e arrecadação. Não é mais permitido romantismo, empirismo e a grosseria para lidar com processos de gestão. Consultores como Amyr Sammogi e Fernando Ferreira defendem orientações e direcionamentos que mudam a vida dos clubes. Permitem arrecadações monstruosas e aprimoramento constante.  E qual a saída aplicada pelos clubes campineiros: a busca por um mecenas, alguém que possa investir sem querer nada em troca.

Não desejo que Ponte Preta e Guarani caiam nas mãos de uma única pessoa. Sou adepto da filosofia associativa. Você pode considerar exagero, mas porque os dois clubes campineiros não buscam intercâmbio e informações com exemplos bem sucedidos como o Green Bay Packers, que tem mais de 100 mil associados e tem êxito.

Qual a saída? Baixar a guarda. Que os experientes forneçam sua contribuição e abram as portas aos novatos que estão cheio de gás e novas ideias. Compartilhar ao invés de renegar. Construir sim, aniquilar não. Não custa sonhar.

(análise feita por Elias Aredes Junior)