Fábio Moreno e o PPPP: uma ótima ideia que tem tudo para virar objeto de disputa política dentro da Ponte Preta

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A melhor noticia gerada pela Ponte Preta nos últimos anos foi a decisão de se implementar o esquema de trabalho definido por Fábio Moreno. Uma padronização do esquema de jogo desde as categorias de base até o profissional.

Inclue-se no pacote uma definição do perfil de atleta que será apurado para o investimento do clube desde a adolescência e a adoção de técnicas modernas de treinamento e de metodologia de trabalho. Inclusive com a adoção de drones e filmagens e imagens em 3D. É o PPPP : Projeto Padrão Ponte Preta.

Nota 10 para Fábio Moreno. Dentro de suas limitações ele viabiliza um esquema de trabalho profissional e antenado com os novos tempos. Se tudo der certo, em médio e longo prazo, todos vão saber de que modo a Ponte Preta joga e qual o estilo de jogador que a instituição vai aceitar. Inevitável que bons resultados vão aparecer no horizonte. Tudo lindo e maravilhoso se não fosse por detalhe: falamos de Ponte Preta. E nunca fica restrito as quatro linhas.

Direto e reto: mérito total ao treinador pontepretano, mas tal medida evidencia a incapacidade da Ponte Preta em formar dirigentes que entendam de futebol e que instalem uma filosofia a ser seguida pela instituição, independente de suas preferências. Ou seja, uma política de estado. O que temos agora por parte de Fábio Moreno é uma política de governo. Ótima, bem intencionada, com instrumentos maravilhosos mas na dependência da vontade dos homens.

Sem contar que daqui alguns meses entraremos em época eleitoral. Existe garantia de que a oposição vai assegurar a continuidade deste trabalho ? E vou além: a situação pode produzir uma armadilha tanto para a situação quanto para a oposição.

Explico: digamos que o projeto dê resultados em curtíssimo prazo. A Ponte Preta faça uma excelente campanha no Paulistão e na época da eleição esteja dentro do grupo de classificação. Não é delírio imaginar que os atuais detentores do poder utilizem o PPPP como bandeira de campanha. E mais: lance a velha questão: é certo trocar o certo pelo duvidoso? Pois é. Uso como termo de comparação, o Plano Real implantado em 1994. E que deu frutos de modo rápido, com o controle da inflação e melhoria do poder aquisitivo. E concedeu o álibi para a eleição de Fernando Henrique Cardoso e que deixou todos os opositores sem discurso.

Só que o outro lado é real. Se o programa não der certo em curto e médio prazo, o fracasso poderá virar uma bandeira poderosíssima da oposição para comprovar a incompetência dos atuais gestores da Macaca. Pode virar a pá de cal e destituir de uma vez por todas o grupo de Carnielli do poder.

Fábio Moreno fez tudo com a melhor das boas intenções? Acredito. Piamente. No entanto, na atual conjuntura, é impossível dissociar o gramado do gabinete. Tudo é motivo de disputa política. Virou mais uma peça neste quebra-cabeça complicado chamado Ponte Preta.

(Elias Aredes Junior)