A promoção na venda de ingressos e a dura verdade na Ponte Preta: pobre só tem valor na hora do sufoco!

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A Ponte Preta encontra-se em clima de decisão. A diretoria detonou uma promoção de  ingressos na reta final do Campeonato Brasileiro. Para empurrar a equipe contra o Flamengo, os bilhetes estarão sendo vendidos ao valor de R$ 10 a entrada inteira e a meia por R$ 5.

O ranking de público justifica a decisão. A média encontra-se em 4476 torcedores por jogo, superior apenas ao do Atlético-GO, que nas partidas no Serra Dourada e no estádio Olimpico leva 4436 torcedores a cada rodada.

A decisão, no entanto, reforça um conceito presente na diretoria pontepretana há 20 anos: pobre só tem valor na hora do sufoco.

Senão vejamos: o programa de Sócio Torcedor teve mudança no valor para preço único de R$ 39,90. Se for um solteirão convicto, é um belo negócio. Como não existe dentro do Sócio Torcedor a figura de descontos generosos ou até isenção para sócios da mesma família, na prática o que temos é que uma família de quatro pessoas pagará R$ 160 ao invés dos R$ 240 de antigamente.

Por esse prisma o desconto é generoso. Agora, imagine o salário a R$ 934 e que um chefe de família gastaria 17,13% do seu salário para levar a família ao Majestoso. Ou seja, por mais que queiram ou recusem, o programa de Sócio Torcedor é elitista. Pior: não é a primeira vez que acontece tal medida desproporcional.

Há quatro anos, quando Márcio Della Volpe era o presidente da Ponte Preta, a Macaca encontrava-se na zona do rebaixamento do Campeonato Brasileiro e por muitos jogos os bilhetes foram vendidos a R$ 2 ou R$ 1.

Só que na derrota para o São Paulo, na rodada inaugural, no dia 26 de maio de 2013, teve ingresso vendido a R$ 50.Essas idas e vindas deixou a média com 6414 e na penúltima colocação do ranking de público em 2013. Ou seja, virar as costas ao torcedor de cunho popular não é novidade.

Clube de cunho popular, a Ponte Preta precisa definir de uma vez com quem deseja contar. Se existe a conclusão de que é importante contar com torcedores de todas as classes sociais, por que a promoção realizada para o confronto diante do Flamengo não aconteceu em jogos anteriores? Por que os pobres, remediados, desempregados são chamados a ajudar a Macaca quando o precipício parece próximo?

Não, não peço para revogar a promoção. Pelo contrário. Que sejam realizados estudos para que um lugar no Majestoso seja reservado para preços populares. Ao mesmo tempo, o integrante da classe média poderá auxiliar a sustentação do clube pelo programa de Sócio Torcedor.

Quem tem as moedas contadas, por sua vez, poderá contar com aquele lugarzinho guardado. Nem que o local não seja o ideal. Ele estará lá, presente para torcer pela Ponte Preta.. Porque a principal riqueza da alvinegra encontra-se nas arquibancadas. Parece simples, mas poucos querem aprender.

(análise feita por Elias Aredes Junior)