Anaílson Neves circula pelo Guarani? A culpa não é dele e sim a ausência de quadros para lhe substituir

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No segundo boletim na Central Esportiva de terça-feira, o repórter e parceiro deste Só Dérbi Julio Nascimento relatou as andanças do ex-diretor de Futebol Anaílson Neves pelos corredores do Brinco de Ouro.

Rapidamente seus aliados começaram a justificar a atitude com o pressuposto de que ele é sócio e tem direitos e a proibição só seria válida se fosse um ex-funcionário.

Balela. Conversa mole. Enrolação. O estatuto pode até regulamentar tal entra e sai, mas o apontamento do jornalista revela algo muito mais incômodo: a falta de quadros no Guarani. E quando digo eu me refiro a gente capaz de tocar o barco, tocar o dia a dia do futebol e tomar decisões rápidas e certeiras.

Sou jornalista há 23 anos. Entre idas e vindas, o futebol acompanha minha trajetória profissional há 15 ou 16 anos. Quando o Guarani era um clube unido e com vasto quadro de sócios, trocar de diretor de futebol ou ocupante de qualquer cargo era simples. Como tirar uma camisa do armárioPor que? Existiam 50, 60 pessoas em cada grupo político sedentos em acompanhar futebol e suas mumunhas.

E hoje? O Guarani é um clube dividido com dirigentes históricos afastados, pessoas abnegadas sem qualquer laço afetivo e com um quadro associativo mínimo, quase zerado.

Se Anaílson Neves virou um frequentador sem pasta  também é verdade que João Secco em dado instante da gestão de Leonel Martins de Oliveira cometeu o mesmo desatino.

O atual grupo político que ocupa o Brinco de Ouro também tem culpa no cartório pelo quadro. Nestes últimos três anos, pouquíssimos foram os discursos de aglutinação, de convergência. Nada disso. Tudo é na base do “nós contra eles”. Ou seja, os atuais dirigentes são os detentores da virtude. O restante? Ah, esses não valem nada…

Pior: tanto Palmeron como Horley Senna demonstraram ao longo dos anos uma dificuldade crônica de entender o direito da imprensa de noticiar com viés crítico. Transmitem a impressão de que só querem aplausos, nenhuma vaia e adesão irrestrita de quem tem a missão de formar opinião e exibir ao torcedor que futebol vai muito além de retratar o que ocorre nas quatro linhas.

É preciso analisar, dissecar e explicar como o futebol tem interferência política, econômica, social, cultural, entre outros quesitos.

Quem cumpre com sua obrigação é inevitável incomodar o poder estabelecido. O episódio com Anaílson Neves deveria servir como alerta de como a falta de quadros pode em médio ou longo prazo destruir um clube centenário. Tem gente que prefere procurar inimigos ao invés de encarar a realidade.

(texto e reportagem: Elias Aredes Junior)