Análise Especial: a força política (descomunal!) do Renova Guarani e a necessidade de fugir de um (suposto!) elitismo que atrapalha a vida do Clube

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Após a realização das eleições finalizadas no ultimo domingo, resta pouca duvida de que o Renova Guarani é a principal força política do clube. É protagonista. Os motivos estão explicados em duas frentes. Primeiro o extremo preparo intelectual dos seus componentes. Profissionais liberais bem formados, estudiosos e conhecedores não somente do estatuto bugrino como das diversas legislações presentes em nosso cotidiano. Evidente que na hora do debate do Conselho Deliberativo esta é uma vantagem e tanto. Dificil perder algum embate.

Outro argumento é construído na prática. E aí o elogio deve ser dirigido ao Fábio Bortolin de Araújo, eleito para mais um período no Conselho Fiscal.

O seu trabalho no órgão, especialmente com a divulgação de todos os balanços financeiros desde 1989 é de se aplaudir. De pé. Se o Guarani atualmente tem um mínimo de organização financeira e divulgação das informações, isto deve-se ao trabalho de Fábio Bortolin.

Agora, com 24 assentos no Conselho Deliberativo, o Renova se transformou no pêndulo das discussões no Brinco de Ouro. Guardadas as devidas proporções, é o MDB do Brinco de Ouro.

Ricardo Moisés certamente indicará um candidato. Especulações dizem que Anaílson Neves poderá sair candidato em 2023. E o Hoje e Sempre Guarani deverá apresentar postulante. Que ninguém se iluda: o vencedor sairá daquele que convencer o Renova Guarani de que é a melhor opção. O resto é conversa fiada.

Só que confesso que alguns aspectos me incomodam no grupo. Não contesto a capacidade dos componentes e o preparo para o debate. Mas a impressão (impressão!) que me passa é a que convicção destes associados é fazer um Guarani para poucos, que flerta com o elitismo. Em um esporte popular, é um aspecto que incomoda. Parece (parece!) que o desejo é que os torcedores apenas assistam do lado de fora, sem qualquer possibilidade de participação.

Posso estar enganado? Posso. Mas esta é a impressão que tenho.

Uma fonte consultada, que conhece a vida política do clube, disse uma frase forte, mas que merece reflexão. “Eles acham que o torcedor é um cidadão de segunda linha”. Deixo claro: nas entrevistas que realizei com seus líderes, eles nunca me confirmaram tal impressão. Refutaram de modo imediato. Mas se alguém fala algo nesta linha, no mínimo, isso merece reflexão.

Tal impressão foi reforçada por outras fontes consultadas para esta análise.

Em linhas gerais, a reclamação é de que Renova não valoriza de modo suficiente as pessoas que trabalham e pegam na mão na massa. Ou seja, existiria uma valorização do saber teórico. Em segundo lugar, existe a desvalorização do clube social. Ou seja, o foco nas reuniões do Conselho Deliberativo estaria apenas e tão somente no futebol e deixaria em segundo plano o Clube social. Já escrevi tal premissa em outros artigos e quero registrar que os componentes negam todas essas criticas. É direito deles. Total. Por outro lado, é dever do jornalista registrar quando determinada visão prevalece sobre determinado grupo social.

O quadro merece reflexão. Por que? Simples: o perfil social  do torcedor do Guarani mudou. Não é mais o torcedor de classe média alta dos anos 1980 ou 1990. Dic´s, Campo Grande, Ouro Verde e outras regiões periféricas da região de Campinas estão cheias de torcedores de baixa renda e que tem o Guarani como sua principal paixão.

Como pêndulo da política bugrina, e detentor de um poder político nada desprezível, será que o Renova Guarani tem consciência deste novo perfil?

E mais: o grupo tem consciência de que esse torcedor é dotado de espirito critico e independente de sua formação escolar ou acadêmica, ou seja, que ele deseja participar e interferir nos destinos do clube? Não, não afirmo que o Renova despreza esse contingente da população. Nada disso. Mas também é verdade que não há mais como administrar com a intenção de agradar apenas as 494 pessoas que participam da vida política do clube. O Guarani vai além muito além de suas fronteiras.

Não, futebol não é apenas vitória. Sim, também é profissionalismo, planejamento e capacidade de expansão. Desde que se tenha consciência para quem fala e com que objetivo. Espera-se que o Renova tenha consciencia dos desafios colocados. E que construa um Guarani não para alguns e sim para todos. É o ideal.

(Análise feita por Elias Aredes Junior-Foto de Thomaz Marostegan-Guarani F.C)