Análise Especial: Caso Robinho e a derrota do jornalismo esportivo circense no Brasil

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Robinho quebrou o seu contrato com o Santos. Interrompeu o compromisso após a pressão das redes sociais e pela publicação da matéria do portal Globo Esporte.Com em que trechos da sentença proferida na Itália foram revelados e deixaram o atleta em quadro insustentável. As descrições dos diálogos do jogador de 36 anos foram devastadores.

Que Robinho e a diretoria santista são os grandes perdedores do processo nem é preciso dizer. O jogador tem ainda débitos com a Justiça Italiana. Cumprir pena. Quer provar sua inocência? Faça longe dos holofotes e apoiado por seus amigos e familiares. Que fique claro: ser condenado em primeira instância por estupro não pode ser algo desprezado. Robinho querer jogar futebol mesmo com tudo isso ao redor é um tapa, um soco na direção daqueles que prezam uma sociedade justa, igualitária e que valoriza o papel da mulher. E que queira ser anti machista. E ótimo que exista o movimento feminista. Para desconstruir nossas falhas perpetuadas por séculos.

Um outro derrotado não pode ser esquecido: o jornalismo esportivo circense. Sim, os programas esportivos dotados de gracejos, piadas inconsequentes e ideias rasas como um pires.

Um ramo do jornalismo que se recusa a abordar erros e desmandos nas federações, CBF, clubes e que ama construir audiência em cima de bancadas lotadas de ex-jogadores prontos para transformar tudo em resenha.. Que despreza a presença de jornalistas críticos, com capacidade de análise e competência para apurar a aprofundar temas importantes.

Quem mudou o rumo da história foi Lucas Ferraz. Um jornalista brasileiro sediado em Milão. Que escreve, apura, investiga, checa e publica. Não usa a profissão para fazer piada. Não utiliza o jornalismo como palco para stand up comedy.

Percebam o sorriso amarelo nos integrantes deste jornalismo esportivo circense nas últimas horas. Agarram-se ao preceito que futebol só deve tratado nas quatro linhas. Lamentável. Deplorável.

Duro é constatar boa parte do clássico torcedor comum não percebe o papel vital do jornalismo feito com destemor, ética e profissionalismo. Insistem em acreditar que o futebol é apenas um pretexto para boas risadas.

O jornalismo esportivo circense sequer é capaz de utilizar o humor de modo correto. Jô Soares, Marcelo Adnet e lendas como Chico Anisio, mais do que humoristas, eram e são intelectuais sólidos, com formação diversificada e que utilizavam e usam o humor como ferramenta de modificação da realidade.

No Jornalismo Esportivo Circense é ao contrário. O riso é para acobertar, esconder e camuflar os desmandos que acontecem do túnel para dentro. A derrota imposta para Robinho é a prova de que um dia o futebol pode mudar. Mas a partir de gente que leva o jornalismo muito a sério e não como piada sem graça e com o traseiro exposto aos poderosos.

(Elias Aredes Junior)