Análise especial: os perigos de instalação da polarização política dentro da Ponte Preta

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Fenômenos presentes na sociedade se repetem no futebol. Seja no gramado ou nos bastidores. Temos uma polarização política há pelo menos 10 anos, por outro isso traz desacertos e uma convivência turbulenta. Isso reflete-se nos bastidores da Ponte Preta, que vive um ambiente conflagrado. Há tempos.

Polarização extrema. O que seria? Na ciência politica, a polarização significa à divergência ou ao aumento da divergência entre atitudes políticas de extremos ideológicos (direita ou esquerda por exemplo). Essa divergência pode ocorrer na população em geral ou dentro de certos grupos e instituições. Na Macaca, isso é mais do que real.

De um lado, temos aqueles que idolatram e ovacionam Sérgio Carnielli. Ultrapassam qualquer dado da realidade para defender o currículo do presidente de honra. Do outro lado, registramos a existência de conselheiros independentes que fiscalizam, cobram e pedem providências quanto aos desacertos de Sebastião Arcanjo, e que chegou ao cargo graças a Carnielli. Nenhum dos dois lados cedem. Nada de negociação ou convivência pacífica. É tudo ou nada.

O debate quente e intenso tem um lado positivo: mobiliza a torcida a se interessar pelo cotidiano da agremiação, inclusive por pontos anteriormente desprezados, como encontros do Conselho Deliberativo. Tudo na base da lupa.

Só que pessoas minimamente sensatas refletem sobre o seguinte ponto: como será o dia seguinte a eleição seja qual for o vencedor? Como o futuro presidente terá tranquilidade para trabalhar?

Para compensar o estilo por vezes, açodado e sem delicadeza do grupo situacionista, conselheiros e sócios (com razão!) apelaram para buscar seus direitos na Justiça. Quem assegura Sérgio Carnielli, se for desalojado do poder não fará o mesmo? E pergunto: como pensar em governabilidade para a Ponte Preta ? De qualquer jeito não tem jeito.

Situação e oposição nutrem de erro clonado: não compreendem por vezes o sentido pleno da democracia, que pressupõe convivência pacífica. Sejamos justos: o fenômeno foi iniciado pelo próprio Carnielli, que criou dissidências que nem Presidentes da República impopulares seriam capazes de produzir.

Em contrapartida, o futebol brasileiro dá exemplos claros de que oxigenar a participação popular é a saída.

No Rio de Grande do Sul, Grêmio e Internacional ostentam colégios eleitorais e robustos e intenso debate que reverbera no gramado, com desempenhos, no mínimo, aceitáveis. No Fluminense, por pior que sejam as criticas ao presidente Mário Bittencourt ninguém questão sua legitimidade, até porque até sócio torcedor tem direito a voto no tricolor carioca. Percebam por outro que agremiações com colégios eleitorais diminutos (Corinthians, Flamengo, São Paulo) sempre ficam sugestões a tempestades institucionais. Troca de ideias limitadas.

Democracia, diálogo, abertura para novas ideias e construção de uma maioria estável e pluralista. Este deveria ser a missão de situacionistas e oposicionistas na Ponte Preta. Estado totalitário nunca resolveu nada. Na Macaca não seria diferente.

(Elias Aredes Junior)