Análise Guarani e a permanência na Série B: comemorar o quê?

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Um dia o torcedor saiu de casa para dirigir-se ao Brinco de Ouro. Comemorou o título Brasileiro de 1978, a Taça de Prata de 1981 ou lamentou a perda de competições, como o Brasileirão de 1986, o Paulistão de 1988 ou de 2012. Estamos em 2017. Época de profissionalismo nas alturas. E o Guarani, com 106 anos de existência obriga o seu torcedor a celebrar a permanência na Série B do Campeonato Brasileiro. Para quem está em êxtase é difícil admitir, mas a realidade é nua e crua: ninguém deveria ser submetido a tamanha humilhação.

Não existe nada para ser comemorado. Nada. O empate sem gols com o Luverdense, no fundo, no fundo, foi o desfecho de uma campanha melancólica, conduzida por uma diretoria desprovida de competência e traquejo para lidar com o mundo da bola.

Uma diretoria capaz de demitir por telefone um treinador com história no Guarani como Vadão. Um comando protagonista de uma agremiação parada no tempo. Sem equipamentos modernos, sem estrutura no departamento médico  e sem um Centro de Treinamento decente. Desculpas? As de sempre: é preciso esperar a execução da decisão judicial para definir em conjunto com o empresário Roberto Graziano o local do novo estádio e do Centro de Treinamento. Enquanto isso, o Guarani vive de esmola? O destino do clube é viver na base do improviso?

Convenhamos: se fizermos uma análise fria e calculista nem o passado absolve a atual diretoria. Você pode alegar que o atual grupo político não caiu de divisão. É verdade. Correto. Também é verdade que estes mesmos dirigentes colaboraram e muito para conturbar o clima político das outras gestões e diziam que adotariam medidas diferentes quando sentassem na cadeira. Não só deixaram de fazer o que prometeram como ainda não solucionaram o principal, que é o esvaziamento do quadro de associados. O Guarani está rachado, quebrado e sem perspectiva. Pergunta: comemorar o quê?

Nem o curto prazo salva a campanha bugrina. Se alguém ficou quase um turno inteiro no grupo de classificação e depois caiu de ponta a cabeça e chegou a pensar no fantasma da Série C é porque algo não foi bem conduzido. O sonho quase virou pesadelo. Comemorar o quê?

Presenciar centenas e milhares de torcedores bugrinos em comemoração a uma permanência apagada e sem brilho é um sintoma de conformismo e falta de reação. Podemos deduzir que as cobranças serão ignoradas e que no futuro a mediocridade será aliada não só dos gabinetes como também da arquibancada.

Dizer que a reconstrução é lenta não cola. Especialmente porque não aconteceram medidas concretas para que a caminhada ocorresse dentro da atual temporada. Repito a pergunta: Comemorar o quê? Enquanto a torcida não esboçar um entendimento sobre o sentido da pergunta a campanha deste ano não será um acidente de percurso e sim um estado permanente.

(análise feita por Elias Aredes Junior).