Ao assistir a Ponte Preta no estádio Heriberto Hulse, saltaram recordações do começo do ano. Período em que o técnico Eduardo Baptista levou a torcida da Macaca à loucura com escalações que beiravam ao nonsense. Invenções e improvisações para tentar camuflar a limitação do time e elenco.
Doriva não é o novo Alex Ferguson. Nem ocorreu um salto de qualidade nos atletas. Tanto que alguns remendos são necessários, como as escalações de Marciel como lateral-esquerdo e Orinho como atacante.
É bom relembrar que alguns atletas presentes no Paulistão continuam à disposição. A diferença é que Doriva tenta extrair o potencial do material humano com uma regra básica: não inventa.
A escalação e vitória contra o Criciúma demonstraram tal conceito, apesar de o goleiro Ivan ter sido exigido na etapa final. Tiago Real, no Paulista, sujeitou-se a atuar como segundo volante e o desastre pintou em cores vivas.
Diante do Criciúma, o atleta não teve atuação de gala, mas seu posicionamento como armador lhe deixou mais à vontade. Tocou, buscou acionar os companheiros, compactou na zona intermediária e participou de diversas jogadas de ataque.
Com André Luis e Orinho, existia um frescor de nostalgia com dois jogadores abertos pelos lados. O panorama deu o norte necessário para Felipe Cardoso posicionar-se da maneira que melhor deseja: dentro da área, em confronto direto com os zagueiros. O gol não surgiu por acaso.
O lateral-direito Sueliton disparava pela direita e o time pontepretano já tinha a jogada treinada e ensaiada. Tiago Real dava o primeiro toque e Orinho ou André Luis surgiam no setor e exploravam as costas do oponente. Tormento garantido.
Com a presença de Tiago Real, Paulinho atuou como clássico segundo volante, ou seja, atuava na marcação ao lado de Nathan e em outros auxiliava na frente. Esqueça o jogador de “falso” camisa 10 diante do Paysandu.
A etapa final deu subsídios para Doriva continuar na sua trilha do “arroz com feijão”. A retirada de Tiago Real e a entrada de Lucas Mineiro retiraram a consistência e a capacidade do meio-campo pontepretano de prender a bola. Resultado: o Tigre ficava na maior parte do tempo no campo de ataque, um quadro acentuado após a expulsão de Orinho. Ivan surgiu e fez a diferença.
Defeitos? Existem, é claro. Léo Santos deu maior segurança para Renan Fonseca, mas não impediu o natural desentrosamento nas bolas aéreas. O cartão vermelho de Orinho, por sua vez, acendeu o sinal amarelo para a comissão técnica cuidar da parte emocional de seus jogadores.
Mais do que três pontos, o triunfo em Criciúma deu a receita para a Macaca fazer uma campanha capaz de surpreender.
(análise feita por Elias Aredes Junior)