Atentado contra a democracia pontepretana. Por Eduardo Lacerda

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Moysés Lucarelli, um gigante na história da Ponte Preta, com a experiência de quem
teve posição atuante na política do clube por décadas, dizia que o “maior mal da Ponte
Preta é a vaidade”.

Um roteiro indesejável que, mais uma vez, ganha destaque no dia a
dia do clube, hoje tomado por uma gestão vaidosa, com um falacioso discurso
democrático, absolutamente incompatível com suas atitudes, que atentam contra o
estatuto do clube, os princípios constitucionais de ampla defesa e contraditório e, em
especial, a democracia pontepretana.

Meu nome é Eduardo Lacerda Fernandes, tenho 51 anos e sou conselheiro contribuinte
da Ponte Preta há 26 anos (desde 1995).

Neste período, além de pagar em dia todos os boletos recebidos, participei ativamente da diretoria do clube entre 2014 e março/2017, quando atuei como diretor de Marketing, época em que assinamos os dois maiores patrocínios da história do clube – Brasil Kirin e Caixa –, além de termos trazido para o clube o apoio de parceiros de renome internacional, como Adidas e Pilot Pen.

Desde 2019, tenho atuado de forma voluntária como coordenador do projeto da Arena Ponte Preta. Talvez esses tenham sido os “crimes” cometidos contra o clube na visão dos atuais mandatários da instituição.

Afinal, estou sendo tratado de uma forma absolutamente incompatível com os serviços prestados ao clube que amo. Triste e revoltante constatar que esta não é uma situação que atinge apenas a minha figura, mas dezenas de conselheiros e coloca em xeque os sonhos de todos aqueles que desejam e lutam pela construção de uma Ponte Preta verdadeiramente gigante.

Vamos ao ponto: no último dia 26/8/2021, me dirigi ao estádio Moisés Lucarelli para
fazer o cadastro biométrico junto ao TC10 do clube quando fui surpreendido com a
informação de que havia sido excluído sumariamente do Conselho. Uma decisão
arbitrária, que em nada condiz com quem se vende democrático – falar é tão fácil, duro
é agir e colocar em prática – e desrespeita toda coletividade pontepretana.

Aliado ao meu, há casos absurdos de Conselheiros contribuintes desde o início da década de 80 excluídos, mas nada mais ultrajante que a história de um Conselheiro internado, em luta contra a COVID-19, que obviamente não tinha qualquer possibilidade de se defender e
foi excluído.

Pois bem, ainda que façamos o exercício no sentido de pensar que respeito às pessoas
é algo em desuso na Ponte Preta atualmente, cabe esclarecer que o estatuto do clube é
claro e estabelece o seguinte rito processual antes de se efetivar a exclusão de um
Conselheiro ou Associado: (i) prévia e regular notificação para que o

Conselheiro/Associado regularize eventuais débitos; (ii) instauração de procedimento
administrativo que possibilite ao Conselheiro/Associado excluído exercer seu direito de
defesa; (iii) publicação e intimação da decisão fundamentada que ensejou a exclusão; e
(iv) a possibilidade de o Conselheiro/Associado recorrer ao Conselho Deliberativo da
suposta decisão de exclusão.

Nenhum dos pontos listados acima foi cumprido. Ou pior, há um processo
discriminatório, inconstitucional, ilegal e anti-democrático em andamento, praticado
justamente por quem tanto defende a igualdade (mais uma vez, destaco, falar é muito
2 fácil. Mas qual é o poder de palavras jogadas ao vento?), em que exclusões sumárias são
praticadas contra Conselheiros que integram ou já manifestaram seu apoio à chapa DNA
PONTEPRETANO, que prega uma reorganização completa do clube para construção de
um modelo sustentável, adequado às práticas mais modernas do mercado, com
Governança Corporativa, Transparência, Equidade e Política de Compliance para
orientar todas as nossas ações.

Para quem ainda não manifestou sua posição política ou se manifesta favorável à manutenção do atual cenário, o rito parece diferente e quem saberá se não contam ou contarão com a benevolência do simples e garantido exercício do direito de regularizar sua situação antes de exclusões sumárias?

Não posso, nem vou aceitar tamanho ataque calado. Estamos há menos de três meses
de novas eleições para definir o comando de nossa Macaca Querida pelos próximos
quatro anos e o que esperamos é a realização de um processo eleitoral claro,
transparente e jogado dentro das quatro linhas.

O atual momento exige profunda reflexão e união. Que a vaidade e falta de
planejamento deem lugar a um choque de gestão que aproxime nossa Macaca Querida
dos princípios de Governança Corporativa, transparência e processos com mecanismos
de controle.

Somente desta forma criaremos um ambiente em que os poderes
constituídos estarão fortalecidos de verdade, e pessoas preparadas, comprometidas e
capazes se sentirão num ambiente que permita realizar o sonho do verdadeiro torcedor
pontepretano: colocar a Ponte Preta em uma posição de destaque no cenário do futebol
brasileiro.

Mesmo diante deste triste episódio na história da Ponte Preta, é possível notar que os
caminhos estão visíveis, embora bem distintos, é verdade.

Que essa linda história da Associação Atlética Ponte Preta seja respeitada e sirva de aprendizado: os atos e fatos estão aí presentes em nossas caras, escancarados, não se sustentam, nem se justificam aos olhos daqueles que desejam somente o melhor e um caminho de sucesso para a instituição.

Tudo na vida é uma questão de escolha, assim como a história registra cada um de
nossos atos e deixa marcas impressas para sempre. Tenho a convicção de que estou do
lado certo, com a consciência tranquila em relação aos meus atos, compromissos e
propósitos.

Eu sonho com uma Ponte Preta gigante e, principalmente, que as pessoas,
pontepretanos ou não, entendam de uma vez por todas que o mais importante é, e
sempre será, a Associação Atlética Ponte Preta e sua enorme torcida.

(Texto de autoria de Eduardo Lacerda-Integrante da Chapa DNA Pontepretano)

Aviso importante: O Só Dérbi tem seu espaço aberto para manifestação e resposta da Diretoria Executiva da Ponte Preta