Bola parada dá as cartas no Guarani. Isso não é ruim…

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Em 1982, o Palmeiras era treinado por Rubens Minelli. Consagrado pelos três titulos brasileiros conquistados com Internacional (1975 e 1976) e com o São Paulo (1977), o seu desafio agora era viabilizar um time competitivo com jogadores limitados e cuja única estrela Jorginho, dono de pé calibrado para cobranças de falta e escanteio.

O que fez Minelli? Arquitetou um esquema tático em que a bola aérea era usada exaustivamente e os adversários não conseguiam marcar graças as bolas venenosas de Jorginho. Qual a relação que o Guarani tem com essa história? Total. Basta dizer que dos cinco gols feitos pelo Guarani na Série C do Campeonato Brasileiro, três saíram por intermédio deste expediente.

É sinal de fraqueza? Nada disso. Mostra um time treinado e o que sabe fazer no gramado. Convenhamos: ressalvadas algumas exceções, dificilmente um gol de bola parada acontece por acaso. É fruto de treinamento, apuração de posicionamento adequado e “timing” para encontrar os melhores batedores ou aqueles mais talhados para complementarem a jogada.

Nesse quesito, o mérito precisa ser dado ao técnico Marcelo Chamusca. Ao invés de reclamar das limitações do seu elenco – e que são muitas- ele tentou aproveitar-se daquilo que viu de melhor. Não coloque apenas Fumagalli como detentor das cobranças de bola parada. O lateral-esquerdo Denis Neves é outro que exibiu eficiência.

A eficiência nas bolas paradas é uma vacina contra imprevistos. Traduzindo: o Guarani pode entrar em uma partida e jogar muito mal. Nessas horas, as tramas ensaiadas e que surgem de modo até mecânico podem salvar. O torcedor bugrino perdeu a conta das vezes que frustrou-se quando em um instante de desespero pela reversão de um resultado adverso não via qualquer lampejo de jogada ou algo planejado para surpreender o oponente.

Tudo isso pode cair por terra e o Guarani perder do Juventude na próxima rodada? Sim, não há como descartar a hipótese. No entanto, é loucura desprezar algo precioso: o esquema tático e técnico do Guarani tem começo, meio e fim. Não é pouco.

(análise feita por Elias Aredes Junior)