Cancelar João Brigatti nas redes sociais é a solução para todos os males da Ponte Preta?

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Um fato surreal ocorreu logo após a vitória da Ponte Preta sobre o Oeste por 3 a 1: João Brigatti foi severamente criticado nas redes sociais e nos canais de interatividade das rádios de Campinas.

Entre os argumentos enumerados estava a de que ele não tem patamar suficiente para comandar o time a beira do gramado. Ou que a equipe joga um futebol de péssima qualidade. Ou seja, o mais salutar era de que um novo treinador deveria ser contratado.

Este grupo da torcida pontepretana precisa de uma percepção diferente dos fatos. Falamos da necessidade de conquistar pontos e vitórias na Série B. Contra Náutico, Confiança, Paraná, Vitória, entre outros. Não falamos da Champions League. Ou da Liga Europa. Concordo que a Ponte Preta pode jogar mais e melhor. A torcida no entanto precisa colaborar. Compreender as características e nuances de cada campeonato.

Qual equipe do futebol mundial que atuou de maneira soberba após quatro partidas e poucos treinamentos? Não tem. Obvio que ainda faltam mecanismos básicos de uma equipe de futebol, como por exemplo as triangulações pelos lados do campo. Ou uma pressão que crie um volume de jogo avassalador. Agora, cada um tem seu ritmo e sua metodologia de trabalho. Cabe respeitar.

Vou em outro aspecto que poucos torcedores se dão conta: a relação custo-benefício. Dentro da sua situação paupérrima do futebol nacional, tenho certeza que o salário de Brigatti e de sua comissão técnica está dos parâmetros aceitáveis de quem não terá receita de bilheteria pelo menos até janeiro do ano que vem. Pergunto: adianta trazer um treinador para ganhar R$ 200 mil, endividar o clube e depois arcar com uma ação trabalhista?

A cobrança é que deve ser feita é simples: definição de uma linha de trabalho. Em um jogo, Brigatti atua com dois atacantes e quase sem referência; no outro congestiona o meio-campo e aposta em um atacante isolado. Pode mudar, é lógico, mas defina um sistema. E aposte.

A Macaca teve dois acessos na Série B. O primeiro foi com Gilson Kleina, em 2011. O futebol era pragmático e competitivo. Três anos depois, o técnico Guto Ferreira chegou depois de Dado Cavalcante e institui o revezamento entre Adrianinho e Renato Cajá. Deu espetáculo? Longe disso. Foi funcional. Nada além disso.

E pegue o histórico da Série B. Foram poucas as equipes que flertaram com o espetáculo nas companhas de acesso. A Barcelusa montada por Jorginho Cantinflas em 2011, o Fortaleza de Rogério Ceni, o Red Bull Bragantino de 2019 e fica por aí.

Ok, digamos que o torcedor esteja certo e que o técnico precise ser trocado. E se der errado? Ele vai assumir que a pressão feita foi equivocada? Por que não seguir um caminho e pressionar por um trabalho de melhor qualidade da comissão técnica e principalmente do Executivo de Futebol Gustavo Bueno?

Trilhar o lugar comum é fácil. Fazer história na contramão é para poucos.

(Elias Aredes Junior)