É para essa gente que devemos lutar. O futebol é deles. O jornalismo esportivo de sapatênis não quer. Azar o deles!

0
1.204 views

Eu nunca trabalhei em empresas jornalísticas das grandes metrópoles (Rio, São Paulo, BH). Jamais empunhei um microfone de uma emissora de rádio de alcance nacional. Nunca ganhei prêmios ou condecorações da iniciativa privada. Sabe esses jornalistas que desfilam centenas de premiações? Pois é. Não sou nenhum deles.

Nunca cobri São Paulo, Corinthians, Santos, Flamengo ou Seleção Brasileira. Nunca fui cobrir um jogo de futebol sequer no exterior.

Minha vida é dividida em duas partes: na primeira, a vida sindical com o Sinergia Campinas, o qual serei eternamente agradecido. E na Rádio Brasil, com a Equipe de Alberto César, em que considero minha segunda ou terceira casa. São espaços que possibilitam eu exercer aquilo que gosto e aprecio: o jornalista. Nas redes sociais, já fui chamado de jornalista de quinta categoria, de sem prêmio, de uma série de apelidos e nomenclaturas.

Então, por que continuo? Por que vou em frente? Hoje ao passar o olho em um post meu do Facebook, vi uma foto postada pelo meu amigo Bruno Ribeiro. Era uma foto do Maracanã. Talvez década de 1970. Estava no interior deste texto.

Todos os domingos, o Brasil era do povo. Que agora é calado. Até quando?

Foto comovente. Faz a gente chorar. Por que? Por que assim como eu, aquela foto abriga gente sem diploma, sem cidadania, premiação, destino ou até motivo para viver. Gente que encontrava na arquibancada um escape, uma válvula para nutrir esperança que de que o dia seguinte seria  melhor.

Não é gente afetada, que mora em condomínio, anda de carro de luxo ou que usa sapatênis. São remediados. Invisíveis. Gente que não pode falar.

Eu posso. Enquanto estiver por aqui e estiver porque eu vou falar. Não para representa-los. Mas para que as pessoas entendam o quanto o Brasil  perde por deixar um punhado no olimpo e o restante da areia movediça da desesperança.

Escrevo para ter esperança no futebol. Em um país. E para assistir um dia gente como eu ser devidamente recompensada e reconhecida. Pode demorar. Mas vai acontecer.

(Elias Aredes Junior)