Querem construir uma Arena para a Ponte Preta. E acabar com alma e o sentido desta foto. Vale a pena?

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Nos últimos dias, amigos e frequentadores desta página enumeram um argumentopara defender a construção da Arena da Ponte Preta às margens da rodovia Anhanguera, no Jardim Eulina: o capitalismo deve prevalecer, dinheiro é o que importa e devemos nos render as evidências. Contra argumento que pessoas pobres podem ficar fora.

A resposta é que elas já se auto-excluíram e que, mesmo que desejassem, não tem mais jeito, a força do dinheiro é o que vale. É ficar resignado, acompanhar o cortejo e adaptar-se aos novos tempos. Com a classe média e alta na ocupação das arquibancadas.Pobre? Só se for para servir cafezinho no camarote.

Quem está debaixo dessa bandeira é gente do povo. Pobres. Gente sofrida. Essa cena será repetida na nova Arena?

Tenho dificuldade em aceitar este conceito. Primeiro porque sei de onde vim. Reconheço minhas origens. E sei como era difícil ir para o campo de futebol aos domingos. Economizar cada centavo por um ingresso popular. A foto que ilustra esta matéria, na capa do site, e na parte interna era a rotina domingo após domingo.

Negros e pobres, sem destino, mas com capacidade de sonhar e pensar em dias melhores tinham no futebol sua única saída.

Até nisso querem tirar o protagonismo do pobre. Os defensores dizem que existe um espaço atrás dos gols para ingressos populares. Vejam: no Majestoso, em grandes jogos, o povão é protagonista. Na nova arena será coadjuvante. É uma diferença brutal.

Defendo estádios de péssimo estado aos pobres como hoje? Nada disso. Exemplo disso é o estádio Campeão do Século, construído pelo Penarol, com capacidade para 40 mil pessoas e que custou R$ 146 milhões em 2016. Em Campinas, a W Torre prevê investimentos de R$ 250 milhões para capacidade de 21 mil torcedores. E de preferência com poucos pobres. Que não foram preteridos no Uruguai.

Não sou contra empresários e investidores. Nada disso. São eles que fazem o país crescer, gerar empregos, divisas e proporcionar melhores condições de vida. Poderia citar muitos que colaboraram na construção da história brasileira: Antônio Ermírio de Moraes, Luiza Trajano, a família Furlan da Sadia, Klein nas Casas Bahia, entre outros. Gente que considerava pessoas de baixa renda como solução e nunca um problema. Pois é. Esta lição precisa ser aprendida por aqueles que tanto desejam erguer um monumento elitista para um clube popular. Um pensamento que não pode prevalecer.

(Elias Aredes Junior)