Envolvimento: o craque que faltou para bugrinos e pontepretanos na Copa do Brasil

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Quando entrei na curso de jornalismo da Puc-Campinas, em 1991, já fui avisado que a matéria de Ética e Legislação ministrada pelo professor Marcel Cheida era aquela que separava adultos de crianças. Sua rigidez , disciplina e o conteúdo denso era um desafio.

O desafio impunha uma rotina espartana. Leitura de livros, acompanhamento sistemático das aulas e discussão dos assuntos após as concorridas aulas. Todos comiam, bebiam e pensavam na disciplina. A prova era cercada de tensão e muitas vezes o resultado era frustrante.

O que esta recordação estudantil tem relação com futebol? Tudo. Ainda digerimos a desclassificação da Ponte Preta para o Aparecidense e do Guarani para o Avenida. Vexame duplo campineiro na Copa do Brasil. Dinheiro desperdiçado. Em defesa, os dirigentes, jogadores e técnicos vão afirmar por A mais B que tudo foi feito. Será?

Não acuso ninguém de desleixo. Nada disso. Sei que os vídeos dos adversários foram transmitidos aos atletas. Os profissionais tentaram de tudo no gramado e a luta foi até o último minuto. Dedicação, estudo e espírito de superação é um cenário. Talvez todos nós tenhamos sido vitimas da falta de envolvimento.

Nem nós da imprensa, como das respectivas torcidas não tivemos o envolvimento, a paixão necessária para ultrapassar os dois oponentes.

Quantas horas falamos destas equipes nas programações esportivas? Quantas matérias foram feitas? Poucas, pouquíssimas.

Sei que pontepretanos e bugrinos estiveram presentes nos dois estádios. Mas os dirigentes entraram para valer de cabeça, fizeram uma apelo para o comparecimento? Desde o início do ano perdemos mais tempo com as preocupações inerentes aos confrontos contra os gigantes no Campeonato Paulista, a marcação do dia do dérbi e o planejamento da Série B. Aparecidense? Avenida? No fundo, no fundo, pensamos que devemos sim nos preparar, mas a classificação não seria obtida com dificuldade. Afinal, o empate era nosso não era mesmo?!

Que na próxima oportunidade tanto bugrinos como pontepretanos elevem ao máximo o grau de tensão. Envolvam-se e encarem os oponentes no mata-mata como se fosse o ultimo jogo de suas vidas. O futebol é um celeiro de armadilhas.

(análise feita por Elias Aredes Junior)