Especial: sem liberdade de imprensa e de expressão não há futuro para a Ponte Preta. E nem para o Brasil

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As últimas semanas tem sido difíceis. O exercício do jornalismo independente é solitário. Cheio de espinhos e obstáculos. A busca da verdade produz retaliação, controvérsia e intimidação. Pressão.

Recados e indiretas chegam por intermédio de terceiros no meu telefone. Apesar dos cuidados que eu tomo. No caso da cobertura da Ponte Preta, a fissura de alguns é me pegarem no contrapé. Ao invés de prestarem contas a opinião publica por intermédio de profissionais preparados e com credibilidade na cidade.

Além de virarem o nariz para as matérias opinativas deste portal, querem como consegui o documento relativo ao e-mail enviado ao clube no final do ano passado. Aviso: existe a Constituição Federal que assegura o sigilo da fonte em seu artigo quinto. O documento chegou de forma anônima. Chequei a veracidade e ponto final.

Aliás, o desejo é tão bizarro que vale a pena fazer a comparação. Seria o mesmo caso de Bob Woodward e Carl Bernstein entregassem para Richard Nixon em 1972 a identidade da fonte “Garganta Profunda”, fonte que encaminhou os dados e pistas que culminaram na série de reportagens do escândalo “Watergate” no jornal Washington Post.

Qual o motivo de se aplicar esta tática do bullyng contra a imprensa livre e independente. Querem calar? Intimidar? Não sei responder. E por que isso acontece? Vamos aos fatos. Somente os fatos:

  • Sou um jornalista. Que fiscaliza e cobra resoluções. Nos dois clubes. Nunca tratei e nunca vou tratar nenhuma pessoa como ser mitológico. Não devemos endeusar ninguém. Temos defeitos e virtudes. Sérgio Carnielli, Vanderlei Pereira e qualquer outro dirigente não são diferentes. Eles erram e acertam. Como qualquer um de nós. Por que devo ajoelhar-me perante eles? Sob qual justificativa? Essa postura deveria ser rotina. Só que incomoda. Muito.
  • Há dois anos, após muito custo, consegui um horário para entrevistar Sérgio Carnielli. Na hora H, o presidente disse que não concederia a entrevista. Perdeu a chance de esclarecer. Aliás, cabe a pergunta: qual o receio de se submeter a perguntas deste jornalista? Porque o temor? Mais: a entrevista só pode ser com pessoas do agrado dele? Ou uma pessoa pública tem que estar preparada para toda e qualquer indagação? Fica a reflexão.
  • Se eu fosse desleixado ou quisesse fazer sensacionalismo, os e-mails teriam sido transcritos com emissor e receptor. Fiz questão de apagar os nomes. O que importa é o fato, é a notícia. E por enquanto não tivemos respostas. Precisamos. Qualquer um.
  • Outro motivo para as retaliações tem motivações ideológicas. Um ex-dirigente da Ponte Preta quer trupudiar exclusivamente por causa de minha opção ideológica. E para isso faz de tudo para ajudar a constranger. Pergunto: o que a cobertura que faço de Ponte Preta e Guarani tem relação com minha opção ideológica? Mais: porque sou obrigado a elogiar dirigente? Com qual motivo? Como elogiar um grupo político que desde 1996 não reformulou o Centro de Treinamento, não aprimorou sua estrutura e tem resultados muito mais motivados por coincidências dos astros do que por uma estrutura construída em cima de planejamento e profissionalismo?

 

Talvez nunca tenha pensado tanto em escrever como agora. Estou sozinho. Conto com pouquíssimos colegas de profissão. A empreitada não tem relação com criticas ou elogios a Sérgio Carnielli, Vanderlei Pereira ou quem quer que seja.

Tem relação com pilastras sagradas da democracia: liberdade de imprensa, de opinião, de expressão e circulação da informação. O fator econômico ou arroubos de vaidade não podem e não devem se sobrepor ao direito sagrado do jornalista exercer o seu ofício.

Este jornalista, responsável por um portal de noticias, não tem nada contra ninguém. Continua com o espaço aberto para manifestação daqueles que são citados nas reportagens. Sérgio Carnielli quer escrever um artigo? Vanderlei Pereira? Outro ex-dirigente? São muito bem vindos! Somos obcecados pelo exercício do diálogo e da democracia. Mas não venham querer utilizar outras estratégias fora do estado democrático de direito para colocarem suas versões no debate da opinião pública.

Também não quero vender um mundo cor de rosa. Recuso-me a ver otimismo exacerbado onde existe paralisia ou ausência de competência. A Ponte Preta ou o Guarani só serão melhores quando um ativo da vida em sociedade prevalecer: a verdade. É este conceito que dá alicerce para dias melhores e duradouros. E é isso que vamos buscar. Sem cessar.

(Elias Aredes Junior é responsável editorial pelo portal Só Dérbi)