Em alguns casos sou solidário aos treinadores de futebol. São bem pagos? Verdade. Pressionados ao extremo? Não há duvida. Quero propor outra reflexão: pense nas centenas de sapo que precisam engolir para viabilizar harmonia e na implantação do seu trabalho.
Reflita como deve ser difícil administrar o ego e a vaidade de jogadores bajulados por empresários, familiares e que se consideram acima do bem e do mal. Fiz tal associação imediatamente ao acompanhar a entrevista coletiva do técnico Felipe Conceição após a derrota para o Vitória (BA) no Brinco de Ouro.
Não foi a análise de um jogo e sim de um profissional desgastado por meses de trabalho intenso e com a necessidade não só de montar o time mas de evitar insatisfações internas por causa de suas decisões. Fazer com que todos tenham um objetivo comum, mesmo que as metas individuais sejam prioridade.
Duvidam? É só acompanhar essa declaração: “Outros comportamentos, é lógico que tem de errado no grupo, é lógico que tem uma análise para a próxima temporada e, como hoje eu sou o comandante da equipe, tenho essa autonomia de montar o elenco para a próxima temporada, é lógico que a gente está analisando isso tudo e, pode ter certeza a torcida do Guarani, que é a qual eu devo o maior respeito, que ano que vem nós continuaremos esse processo de evolução e que eles terão mais alegrias do que tiveram esse ano”, afirmou o treinador.
Conceição mais específico em sua crítica: “Volto a repetir para a torcida: ano que vem teremos um time ainda mais comprometido porque é um critério que uso como um dos principais para a aquisição de jogadores. Eu, como comandante do barco, escolherei e procurarei errar o menos possível nesse quesito, porque é um quesito importante em momentos decisivos, em momentos de dificuldade. O caráter da pessoa é fundamental, além da qualidade técnica”, completou.
O recado é claro. Felipe Conceição gosta e aprecia trabalhar no Guarani. Está satisfeito com o desempenho da equipe. Mas se puder engolir uma quantidade menor de sapos na gerência do grupo no cotidiano, melhor. E quer saber? Ele está certíssimo.
(Elias Aredes Junior)
