Felipe Moreira e Ponte Preta: qual o motivo para postergar o sofrimento?

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A Ponte Preta convocou uma entrevista coletiva para o final da tarde desta sexta (03) para falar sobre a situação do técnico Felipe Moreira. Especulações dão conta de que o confronto diante do Ituano será a última oportunidade. Fica a pergunta: qual o objetivo de postergar o sofrimento?

A única conclusão é a adesão da diretoria da Ponte Preta a uma roleta russa. Digamos que o time campineiro empate ou derrote o time treinado por Tarcisio Pugliese. Teremos a concessão de uma semana para Felipe Moreira preparar-se antes do jogo contra o Corinthians. Uma prorrogação infrutífera. Sabemos que o fruto será reprise: um esquema focado na defesa e aposta no erro do oponente para obter a vitória.

Já estamos em março e com praticamente dois meses de trabalho de Felipe Moreira. Tempo suficiente para exibir variações táticas e de proposta de jogo. No fundo, a atual comissão da Ponte Preta é disco de vinil empacado em uma única música.

Se o plano der certo e a sobrevida for garantida, o fato é que a temeridade prevalecerá se levarmos em conta que não há garantia nenhuma se a equipe está apta a disputar uma Copa Sul-Americana ou um Campeonato Brasileiro com 20 equipes, sendo que nove –entre elas a Macaca- vão se preocupar exclusivamente em fugir do rebaixamento.

E queiramos ou não, os concorrentes tem, na maioria dos casos, mais lastro financeiro que a Alvinegra para contratar e reforçar. Uma distância que fica ainda maior devido a politica de “pés no chão” do clube campineiro cujo lema é arrecadar 100 e gastar 50 e não 80.

Nesta conjuntura, a comissão técnica deveria encontrar-se antenada com as demandas. O cenário ideal seria extrair o potencial dos jogadores e jamais ter medo de pensar em duas ou três formas de jogar. Eu não falo grego ou algo interplanetário. Guto Ferreira fez isso em suas passagens pela Ponte Preta. Assim como Gilson Kleina. E até Eduardo Baptista. Em dado trecho do Brasileirão do ano passado, não se furtou de tirar um meia armador e jogar com três volantes e reforçar a defesa. Gerou um time compacto, solidário e quase letal dentro do Estádio Moisés Lucarelli. Detalhe: com variações pelos lados, jogadas ensaiadas e preenchimento do mei0-campo, hoje inexistente.

A realidade dura e cruel é a incapacidade de Felipe Moreira formatar e acompanhar qualquer uma das tendências feitas pelos comandantes anteriores. Repito a pergunta: por que postergar o sofrimento?

Mais: por ter trabalhado com treinadores renomados, o atual comandante da Macaca ainda tem uma estrada longa para percorrer. Pode e deve experimentar outros clubes, deparar-se com outras realidades.

Algo que fez Muricy Ramalho. Estatisticamente atéobteve bons resultados ao substituir Telê Santana. Mas não tinha nome e foi fritado. Demitido em 1995 após 108 jogos. Imediatamente virou um andarilho da bola e trabalhou em Ituano, Botafogo, Portuguesa Santista, Náutico, Santa Cruz, Figueirense até sua primeira chance em gigante no Internacional em 2003 e posteriormente conquistar o Paulistão pelo São Caetano em 2004. Daí em diante, foi um título atrás do outro.

Que Felipe Moreira aprenda: no futebol, nem sempre a proteção é uma dádiva e exercer o papel de mártir nesta altura do campeonato só tem duas utilidades: arrebentar com sua autoestima e credibilidade e esconder os erros de seus chefes perante a imprensa e torcida.

(análise feita por Elias Aredes Junior-foto de Fábio Leoni-Pontepress)