Futebol de sonhos? Dar espetáculo? O torcedor pontepretano só quer o acesso. O resto é perfumaria

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Quando terminou a partida com o Sampaio Côrrea e a produção da vitória por 2 a 1, este jornalista esperava que as redes sociais pontepretanas estariam com sentimento dúbio: a celebração pelo triunfo e o inconformismo por outra atuação de má qualidade.

Não foi o que aconteceu. Quase todos perdoaram o desempenho. A entrada no grupo de classificação anestesiou o torcedor? Nada disso.

Minha tese é que aos poucos, o torcedor da Macaca assumiu um pragmatismo saudável misturado com a compreensão da dinâmica do campeonato. São 38 jogos programados em curto espaço de tempo, em seis meses. No continente europeu o mesmo calendário é cumprido em 10 meses em todos os países. Diferença brutal.

Neste contexto, a equipe é exigida na parte física, técnica e o pior: não há tempo para aprimoramento e correções. Correção por vídeo? Esqueça. O jogador brasileiro é, antes de tudo, prático. Quer trabalhar no campo e simular situações reais da partida. Fruto e consequência de um país que não valorizou a educação e infla a importância da cultura oral, passada de boca a boca. Isso é algo que todos nós somos vitimas e portadores.

Ou seja, João Brigatti e os outros 19 treinadores empregados na Série B fazem o que podem.

Tem problemas? Lógico que existem. O teste com Ernandes no meio-campo não deu certo, os laterais ainda podem ser melhor explorados e João Paulo certamente será sobrecarregado com as lesões de Camilo e Vinicius Zanocello. Sem contar a produção temerosa da dupla de zaga, seja qual for a formação.

As dificuldades são para todos. Concordo. Por tudo isso, a Série B deste ano não é uma competição que vai premiar a regularidade e sim a capacidade de sobrevivência e adaptação dos concorrentes.

Talvez a Ponte Preta consiga o acesso sem jogar em alta qualidade boa parte dos confrontos. E quem diz que o torcedor vai ligar? O que ele deseja é jogar em 2021 contra Palmeiras, Corinthians, Flamengo, Grêmio, Internacional e outros gigantes. O resto é acessório.

(Elias Aredes Junior)