Futebol está de luto. Morre Marcelo Veiga. Vítima de Covid-19. Até quando a sociedade vai viver com a tática do avestruz?

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Homenagens são direcionadas ao treinador Marcelo Veiga, falecido nesta segunda-feira, aos 56 anos. Até poucos dias, estava na beira do gramado. Dirigia o São Bernardo. É a primeira vitima fatal do futebol brasileiro da Covid-19.

Nas redes sociais, testemunhos e declarações sobre a gentileza, o bom caráter e o fino trato do profissional da bola. Trabalhou no Guarani de setembro de 2014 a março de 2015. Deixou boas recordações. Perda irreparável. Ainda se levarmos em conta o ambiente tóxico que é o futebol. Lacuna que não será preenchida.

Peço desculpas pelo inconformismo, mas sinto em algumas declarações no Twitter, Facebook e Instagram uma certa burocracia. Tipo: Morreu, lamentável, bola para frente.

Como assim? Como justificar tal insensibilidade?  Já morreram 181.402 brasileiros em virtude das consequências da Covid-19. Seria o mesmo que Santa Bárbara d´Oeste, com 194 mil habitantes, localizada no estado de São Paulo, virasse quase uma cidade fantasma. E Marcelo Veiga é uma vitima desta tragédia.

Faleceu  um pai de família, filho, amigo, conhecido. Nenhuma morte pode ser encarada como normal. Especialmente quando o poder público poderia evita-la.

Marcelo Veiga era alguém que trabalhava e que estava incluído na sociedade. O Estado tinha o dever de protegê-lo. Fica por isso mesmo? Mais: a CBF vai continuar neste jogo de faz de conta em relação a Covid-19?

Vamos continuar a tratar a vida como se ela valesse um punhado de centavos? Jogadores e mais jogadores são apresentados semana após semana a Covid-19. Como entender surtos registrados nos clubes brasileiros, em cidades, bairros e outros locais? Não dá para aceitar.

Pouco me importa se você dá razão a Bolsonaro, Dória a quem quer que seja nesta guerra política nojenta travada em Brasilia e nos gabinetes. Quero solução. Prática. Porque na atualidade, a preservação da VIDA dos brasileiros pouco importa para quem detém o poder. Não é teoria. É fato.

Marcelo Veiga certamente tomava seus cuidados. Não foi suficiente. O pranto de cada parente e amigo do treinador e de todos aqueles que morreram por causa do vírus tem que se transformar em ação não só no futebol, como na sociedade. Não dá para aceitar. Não dá para entender esta tática do avestruz, em que muitos se alienam e dane-se o semelhante.

Não podemos assistir as vitimas dessa doença serem tratadas como números. Não são. Marcelo Veiga não merece isso. Ninguém.

Mais do que condolências e pêsames aos famíliares, a morte de Marcelo Veiga  precisa virar um divisor de águas. Exigir que os dirigentes e os responsáveis pelas competições discutam para valer uma modificação nos procedimentos sanitários.

Fico entristecido pela morte de Marcelo Veiga. E peço que Deus conforte seus familiares.

Ato contínuo, é preciso cobrar daqueles que são os responsáveis por essa tragédia: os dirigentes de futebol e as autoridades constituídas nos municípios, nos estados e no Governo Federal. E os comandantes da CBF e das Federações. Jogador e treinador não é escravo. É ser humano. E tem que ser sua vida preservada.

Basta de letargia. Chega de aceitar esta escalada de mortes. E que possamos batalhar e trabalhar por um Brasil melhor. Assim como Marcelo Veiga atuou no futebol, que foi um exemplo de retidão e dignidade.

(Elias Aredes Junior)