Gilson Kleina completará 150 jogos na Ponte Preta contra o São Paulo. Qual o saldo de sua trajetória?

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Gilson Kleina vai completar 150 jogos no comando da Ponte Preta. Será neste sábado diante do São Paulo. É o treinador com o maior número de jogos desde que Sérgio Carnielli assumiu o poder, em 1996. Um dado elogiável se levarmos em conta que já passaram no banco de reservas profissionais como Vadão, Marco Aurélio Moreira, Nelsinho Baptista, Eduardo Baptista, Sérgio Guedes, Jorginho, entre outros. Atualmente, encontra-se em lítigio com a torcida. Pedem sua demissão. Mas é preciso fazer  análise ponderada dos fatores que levaram este profissional a ficar cravado na história do clube.

Os resultados são claros. Entre os oito primeiros colocados do Paulistão de 2011, Acesso e terceiro lugar na Série B do mesmo ano; semifinalista do torneio estadual de 2012 e vice-campeão nesta temporada após sucumbir diante do Corinthians. Números incontestáveis. As qualidades não podem ser desprezadas.

Em um mundo marcado pelo individualismo, Gilson Kleina é um raro gestor de pessoas. Sabe como poucos conduzir um vestiário e relacionar-se com estrelas. Não foi só na Macaca, como em outros clubes também. Vide como conduziu Valdívia no período em que esteve no Palmeiras. Na Ponte Preta tem no experiente Emerson Sheik um dos seus principais defensores públicos.

Kleina tem bons conceitos defensivos. Infelizmente um fator que não é valorizado no Brasil. Até zagueiros limitados jogaram sob seu comando e não decepcionaram, como Ferron. Fábio Ferreira? Nem tudo é perfeito.

Seus treinamentos são focados em explorar os defeitos do adversário e depois administrar o quadro. Queiramos ou não, tal panorama aconteceu no último Paulistão, quando a Macaca aproveitou-se da instabilidade de Santos e Palmeiras para construir vantagem e depois arrancar a classificação na casa do adversário. Impossível negar o mérito do treinador.

Se o técnico tem tantos predicados, o que aconteceu para exibir um desempenho tão irregular? Por que na atualidade, o time está mais preocupado com a zona do rebaixamento do que uma classificação para a Copa Sul-Americana ou Libertadores?

A parte inicial da explicação está no próprio Kleina. Sabemos que é dedicado e trabalha com afinco, mas os seus conceitos não aparecem no gramado. O time é pobre taticamente, sem grandes variações e dependente do contra-ataque. Inexistente as opções e variações presentes até no limitado elenco de 2012. Tem dificuldades para tomar a iniciativa. Até no Majestoso. Teve agora dias e dias para treinar e tem os jogadores á disposição. A expectativa é que o futebol apareça.

Boa parte da corrosão sofrida por Kleina é gerada pela inoperância e omissão da diretoria executiva e do departamento de futebol, que assiste ao seu funcionário ser destroçado em praça pública e não toma qualquer postura. Gustavo Bueno, autor de muitos erros em contratações já não tem força para servir como escudo. Então, Vanderlei Pereira ou Hélio Kazuo poderiam aparecer, correto? Não dá para saber porque não aparecem. Só no anúncio de contratações.

Resumo da ópera: os resultados e o balanço positivo não evitam um cenário triste. Gilson Kleina, um dos técnicos mais emblemáticos da trajetória da Ponte Preta, honesto, trabalhador e dedicado, está isolado, sem amparo da torcida e dos dirigentes. Para dar a volta por cima vai depender única e exclusivamente da luta e dos jogadores. Se Kleina for presenteado contra o São Paulo, por incrível que pareça, quem ganha é a Ponte Preta.

(análise feita por Elias Aredes Junior- Foto de Fábio Leoni-Pontepress)