Guarani colhe saldo positivo na Live. Mas não elimina a discussão vital para o exercício do jornalismo

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Em texto publicado nesta quarta-feira em sua página oficial, o Guarani fez um balanço sobre o saldo colhido na transmissão ao vivo realizada na quarta-feira, dia 29 de abril, no estádio Brinco de Ouro e que contou com a participação de dirigentes, atletas e ex-idolos do clube.

O saldo, segundo o clube é de 558 cestas básicas montadas, além de R$ 13.450 mil reais, obtidos por intermédio de leilão e doações pelo PicPay e mais de 3 toneladas em alimentos.

Aos fatos: o resultado deve ser comemorado? Sim. Muito. Afinal viabilizar doações é algo difícil em tempos não só de coronavirus mas de escassez de recursos, seja qual for a classe social.

Agora, elogiar a disposição de mobilização da torcida não tira o fato de ser um evento oficial. E que deve ser olhado com cautela. A oficialidade provoca uma perda  de alguns ingredientes são fundamentais ao jornalismo. Os outros portais noticiaram? Ok, entendo e compreendo. Mas foi registro com fartura especialmente por ser um evento ocorrido em tempos de escassez de noticias.

Isso não quer dizer que jornalistas sejam OBRIGADOS a dar o evento. Quando qualquer um, principalmente dirigente, quer estipular aquilo que deve ser coberto por A ou B, este personagem flerta com a censura. Mancha até aquilo que nasce com boa intenção.

A obrigação ocorreria se o presidente Ricardo Moisés tivesse sido submetido a uma sabatina e respondesse perguntas incômodas e de interesse da coletividade bugrina. Não foi isso que aconteceu. Era um evento voltado ao entretenimento.

E agremiações de futebol podem e devem fazer produtos para satisfazer seus torcedores o que, no final é a sua meta. E não posso deixar de registrar: escolheram a melhor pessoa para apresentar o evento. Marcos Ortiz é bugrino nato, antenado, bem informado, inteligente e soube conduzir a conversa com eficiência. Soube fazer entretenimento ao torcedor bugrino sem cair na bajulação explícito. Isso é para poucos.

Jornalisticamente considero que o que importa foi o saldo das doações. Isso sim, tem um interesse jornalístico relevante e até com um conteúdo de prestação de serviço, pois as entidades Ana Brasil e a ONG Sirius receberam os donativos. Sem contar o respaldo dado pelo grupo Bugrinas em Ação.

Quanto ao evento em si, respeito quem destinou energia para abordá-lo. Mas o foco deste portal é outro: criticidade, fiscalização do poder e abordagem daquilo que é de interesse público e não de interesse do público. E esse debate precisa continuar.

(Elias Aredes Junior- foto de David Oliveira-Guaranipress)

1 Comentário

  1. Elias, para quem recebe uma doação pouca importa se quem deu é bugrino, ponte pretano, jornalista, empresário, evento oficial ou se no evento ocorreu “perguntas incomodas ao presidente”. Quem recebe doação quer matar a fome! precisa sobreviver a essa terrível pandemia que afeta em cheio a população mais carente. Creio que você perdeu uma excelente oportunidade de “destinar energia para abordá-lo” tendo em vista a grandeza do seu portal e que tal atitude certamente incrementaria as doações. Uma pena!!