Guarani e Thiago Carpini: precisamos parar de tratar como deus quem é semelhante a qualquer um

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Thiago Carpini surgiu como meteoro. Contratado para ser auxiliar técnico pelas mãos de Fumagalli e Marcus Vincius Beck Lima. Após a passagem desastrosa de Vinicius Eutrópio, o ex-jogador foi guindado a condição de treinador titular.

Teve bom desempenho na Série B. Sexto lugar no returno, o que foi suficiente para assegurar a permanência. No Paulistão, somou 16 pontos, encontra-se no segundo lugar do Grupo D e ainda tem chance de degustar o filé mignon da competição.

O tropeço diante do Botafogo, a escalação equivocada, as decisões contestáveis nas duas laterais, o rendimento pífio no segundo tempo são ingredientes mais do que suficientes para Carpini ser cobrado. Entenda: cobrado. Nunca linchado ou cancelado, como é o novo linguajar das redes sociais.

O que se verifica em parte da torcida e até da crônica esportiva é interessante. É uma postura envergonhada, tímida ou receosa de criticar e apontar os erros do treinador. E Carpini colabora com tal clima de cerceamento por algumas respostas atravessadas nas últimas entrevistas coletivas.

Vamos deixar claro: Thiago Carpini é um treinador em formação. Não é Deus. Não é uma divindade. Ele erra e falha como qualquer ser humano.

Em um ponto preciso dar a mão a palmatória ao atual Conselho de Administração: ao formar um clima constrangedor de querer mesmo que indiretamente selecionar quem pode e quem não pode criticar o atual time e os bastidores do Guarani, abre espaço para se formar ídolos com pés de barro.

Sim, como treinador Carpini ainda enquadra-se neste modelo. Fez muita coisa? Sim. Concordo. Mas o que é Thiago Carpini como treinador perto da obra de Zé Duarte, Carlos Alberto Silva e Vadão na história do clube? Ou como comparar seu legado com Giba? É um cisco. Um fio de palha.

Pés no chão. Humildade. Mudança de discurso. Tratar o interlocutor com cordialidade e educação nas entrevistas, nunca como inimigo. Já seria um belo passo tanto para Carpini como para o atual elenco galgarem posições ainda melhores no cenário nacional. Acredito de que as chances de classificação do Guarani são boas.

Mas não falo apenas de atualidade. Falo do futuro. Os humildes colhem frutos no presente, aguardam ansiosamente o futuro e recordam com doçura o passado. Aqueles dotados de convencimento extremo uma hora ou outra podem experimentar a queda. Dolorida. Que o Guarani fuja deste destino e que todos revejam a postura. Antes que seja tarde.

(Elias Aredes Junior)