Injúria Racial no Brinco de Ouro: os bons não podem ficar em silêncio

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Julio Nascimento é jornalista esportivo. Negro. Lutador. Um trabalhador como eu e você. No cumprimento do seu oficio, retirava-se do gramado do Brinco de Ouro, após trabalhar no jogo entre Guarani e América Mineiro quando foi vitima de injúria racial por parte de um torcedor que estava nas vitalícias. Apesar de traumatizado, relatou o episódio ao microfone da Rádio Bandeirantes. Recebeu solidariedade de todos, inclusive de todos os profissionais de rádio, inclusive do responsável por este Só Dérbi.

Ele certamente vai procurar os seus direitos e o responsável certamente uma hora ou outra será encontrado. Esta é uma parte da história. Que não pode ser colocada sobre os ombros de 100% da torcida bugrina. Mas a instituição Guarani Futebol Clube não pode ficar omissa. Digo mais: quem tem consciência cidadã e for decente e honesto tem que se posicionar. Os bons não podem ficar em silêncio.

Primeiro que esta não é a primeira vez. Em menos de dois anos, o clube teve outrosnepisódios nesta linha de conduta. Uma na semifinal da Série A-2 do ano passado, depois uma reincidência contra o Sport neste ano e agora este capitulo vergonhoso e lamentável.

O torcedor bugrino consciente e cidadão sabe que a história do clube tem acusações que trazem ainda mais constrangimento. Especialmente se levarmos em conta que o Guarani recebeu uma contribuição da comunidade negra para a construção de sua história. Nos bastidores, é quase unanimidade que Jaime Silva, ao lado de Ricardo Chuffi foi o maior dirigente da historia. José Célio de Andrade presidiu o Conselho Deliberativo por anos e anos e com dignidade, honradez e eficiência.

No gramado, basta citar esta escalação: Dimas (ou Neneca); Mauro, Julio César, Amaral e Miranda; Zé Carlos, Amoroso, Djalminha e Jorge Mendonça; Edilson e João Paulo. Se o destino permitisse seria uma máquina de jogar futebol.

Como considerar normal que indivíduos utilizem a arquibancada para insultar gente que faz parte de uma comunidade que já deu tantas alegrias ?

Qual a saída? Os torcedores que não compactuam com tais posturas podem e devem utilizar as redes sociais para mostrar sua ideologia antiracista. Do Guarani, além de esforço em querer encontrar o autor do ato deplorável, que coloque como premissa um trabalho para desconstruir esta imagem. E isso não é tarefa de assessoria de imprensa ou de marketing. É o presidente do clube que tem o dever de estabelecer metas e ações. É Ricardo Moisés que tem o dever de estipular datas emblemáticas como o dia 21 de março, dia internacional de luta contra Discriminação Racial e o 20 de novembro como marcos para ações e programações que estabeleçam o Guarani como um parceiro da luta contra o racismo.

O Guarani não pode acabar como a outras agremiações conhecidas por expressivo número de torcedores racistas, xenófobos e homofóbicos. Já passou da hora de dar o primeiro passo. Para que a barbárie não prevaleça sobre um clube com conquistas no presente e no passado e que teve participação da comunidade negra. A nota de repúdio tem que estipular uma alteração de rota. O silêncio daqui para frente será equivalente a confissão de culpa.

(Elias Aredes Junior)

2 Comentários

  1. “Quem não se posiciona, posicionado está.”
    O Guarani sempre foi omisso em todas as questões sociais, enquanto vemos times como o Bahia, o Santos, Corinthians realizando campanhas antirracistas, antimachistas e afins, o Guarani NUNCA fez nada em relação, se não tivesse acontecido com o Júlio , que é jornalista e dps foi contar o ocorrido no rádio, acredito que o clube não faria nada.
    O racista babaca que foi merda, deveria ser reconhecido, e proibido pra sempre de colocar os pés nas dependencias do Guarani, isso sem falar nas consequências na esfera jurídica.

    Racistas, fascistas, machistas, não podem e não passarão!!

  2. Omisso nao, e completamente desrrespeitoso, o que vc espera de um clube que nao paga funcionários ? que mente em audiencias trabalhistas, que não respeita profissionais, jogadores, funcionarios, colaboradores
    e Por isso que esta acabando e a torcida vivendo na fumaça da Ilusão.
    Talvez o racista babaca seja algum diretorzinho de futebol de botão la daquele local
    Tozin facismo nao existe nao mistura as bolas ) facismo e doutrinaçao de um pais desde a infancia de acordo com a ideologia de um ditador. tava indo bem Tozin ate falar essa M….