Nós, jornalistas esportivos, precisamos aprender: O Guarani não precisa de ajuda e sim de profissionalismo

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Gosto e acompanho o trabalho feito em outros centros do país. Temos um cardápio variado. A festa da imprensa carioca, o foco na informação de mineiros e paranaenses, a luta pela preservação das características regionais feitas por pernambucanos, cearenses e baianos. Mas nada assemelha-se ao Rio Grande do Sul. Jornais fortes, portais com audiência e rádios relevantes. Fazem jornalismo. Sem dó e nem piedade.

Dirigentes são cobrados de modo impiedoso. As entrevistas coletivas no geral, apesar de uma falha aqui e ali, é um bom tratado de como o profissional de imprensa deve tratar jogadores, dirigentes e técnicos. Não atuam para agradar o mundo do futebol. Focam o interesse público e o torcedor. O resto é resto.

Observo a campanha do Guarani na Série B. Melancólica. Sem vida. Esperança que morreu de modo paulatino. Sem reação. Qual a culpa dos veículos de comunicação neste processo? Total. Inclusive deste Só Dérbi. Assumimos nossa parcela.

Sempre tivemos um espírito critico, mas que foi incompreendido pela torcida do Guarani, viciada em elogios. Matérias sofreram uma depredação virtual e de modo inconsciente passamos a focar apenas no dia a dia da bola. A maioria da torcida está hipnotizada, abobalhada e sem condição cognitiva para acompanhar a guerra política fraticida gerada pela terceirização. E o que nós, jornalistas, fizemos? Nada. Colaboramos para esse estado de coisas.

Falamos de 90% de bola e de certa forma poupamos os integrantes do Conselho de Administração, protagonistas de entrevistas que não vão no cerne da questão, não tocam na ferida. Culpa deste Só Dérbi e de todos os profissionais que acompanham o Guarani. Somos paternalistas e transferimos ao nosso trabalho um sentimento de pena, de comiseração.

Enquanto isso, a estrutura definha, os resultados não são cobrados de modo veemente e uníssono e o pesadelo aproxima-se cada vez mais. Ou alguém acha em sã consciência que o Guarani entra para buscar uma vaga nas quartas de final do Paulistão de 2019? Pode acontecer? Pode. Hoje está distante. E esse caminho só será encurtado com postura critica e vigilante dos profissionais de imprensa. Caso contrário, a redenção completa nunca virá.

O Guarani não precisa da ajuda de ninguém. Nem da imprensa. Necessita é de profissionalismo, correção, melhoria de estrutura, condições de trabalho ao treinador e cobrança por resultados em médio e longo prazo. O Guarani precisa amadurecer. Nós, cronistas esportivos, também. Urgente.

(análise feita por Elias Aredes Junior)