Ponte Preta e Gilson Kleina: uma lição de empatia e relacionamento humano

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O que faz um time vencedor? Qual o segredo para produzir instantes épicos? Como entrar pela porta da frente da história? Somos apresentados a heróis, lances inesquecíveis e jogos de futebol capazes de mobilizar multidões. Ingredientes não faltam: craques, defesas plásticas e gols reprisados por anos e anos na internet. A arrancada da Ponte Preta, com sete vitórias e um empate na Série B inclui uma nova variável. Que futebol é, acima de tudo, é feito por gente.

Gente com sonhos, ambições e objetivos. Gilson Kleina talvez não tenha a virtuose tática de um gênio como Pepe Guardiola. Talvez seja um cara que nunca, jamais receba a oportunidade de sentar em um banco de reservas de uma seleção. Tudo Isso fica pequeno diante do que ele fez e faz no Moisés Lucarelli.

Gilson Kleina não xingou, gritou, esperneou ou exerceu um autoritarismo tacanho para fazer homens produzirem em potência máxima. Não usou prancheta ou uma estupidez sem sentido. Kleina fez algo básico: teve empatia. Abraçou a história dos jogadores. Apoiou. Não fez perguntas. Atuou como elo para restabelecer a ligação do gramado com as arquibancadas.

Não, técnicas motivacionais não se constituíram o centro. Nada de discurso emotivo. Kleina foi humano. Percebeu que sim, os jogadores eram limitados. Falhavam e deixaram escapar as vitórias. Não criticou. Foi propositivo. E positivo.

A resposta víamos a cada jogo, a cada estádio espalhado pelo Brasil. Junior Santos, anteriormente inseguro, é capaz de encher o pé e marcar um gol contra o Coritiba. Danilo Barcelos? Ainda não tem a movimentação exigida de um lateral. Fato. Ao invés do comandante espezinhar o subordinado, que tal falar de suas qualidades? Que tal enaltecer sua eficiência na bola parada? E cada elogio, uma assistência e um gol para pavimentar o acesso.

Não serei leviano de cravar o acesso da Ponte Preta. O futebol é bondoso e traiçoeiro. Gilson Kleina nestes oito jogos deu a maior lição de relacionamento humano já visto no futebol. Um esporte apaixonante e que vai além das quatro linhas. Kleina sabe disso.

(análise feita por Elias Aredes Junior)