Ponte Preta e um cenário inquestionável: ninguém olha para suas feridas quando o abismo está próximo

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O péssimo desempenho na Série B do Campeonato Brasileiro sempre faz os integrantes da Diretoria Executiva alertarem a torcida e os veiculos de comunicação sobre a necessidade de olhar para as medidas temerárias adotadas nos últimos anos na parte financeira.

Em reunião do Conselho Deliberativo realizada na última semana,o presidente Marco Antonio Eberlin apresentou um relatório ao Conselho Deliberativo com as dívidas contraídas nos últimos 15 anos. O levantamento foi realizado pelo Conselho Fiscal e apresentado em Reunião Ordinária. Compreendemos e entendemos o quadro financeiro vivido pelo clube, mas entendo perfeitamente a frustração de quem tinha a expectativa de que o relatório fosse apresentado por uma empresa de auditoria. Diga-se: uma promessa de campanha do MRP. Entendo que as dificuldades financeiras dificultam a realização de compromissos de campanha, mas também não há como ignorar. 

Bem, os resultados mostraram que a Macaca sofre com R$ 40 milhões em ações trabalhistas, R$ 130 milhões em ações cíveis, R$ 12 milhões em pendências no CNRD da CBF e R$ 100 milhões em dívidas fiscais. Para completar o roteiro macabro, o relatório diz que existem penhoras  e bloqueios do Moisés Lucarelli em favor de um ex-presidente do clube, além de processos de dois advogados que atuaram no clube e de um ex-fisioterapeuta.

Na sessão do Conselho Deliberativo, Eberlin explicou aos conselheiros que o clube recebeu em setembro uma ação de cobrança de R$ 3 milhões. A ação foi movida por uma empresa contratada por outro gestão para fazer a planta de uma Arena no Jardim Eulina.

Ninguém é louco de pensar e imaginar que tais dados devem ser desprezados.

Concordamos. No entanto, além dos dados ser um claro contra-ataque ao texto publicado pelo DNA pontepretano nas redes sociais, também é, mesmo que indiretamente, um processo de fritura contra até membros de sua diretoria executiva.

Nos últimos 15 anos, a Ponte Preta teve os seguintes presidentes: Sérgio Carnielli, Márcio Della Volpe, Vanderlei Pereira, José Armando Abdalla Junior, Sebastião Arcanjo e agora Eberlin. Destes seis nomes, três tiveram um único diretor financeiro, que ocupa atualmente o cargo. Impossível ignorar que foi criada uma saia justa.

A divulgação dessas informações, no entanto, na visão deste jornalista, podem não surtir o efeito desejado pela Diretoria Executiva , que é a de chamar a atenção do torcedor de que o quadro financeiro e no gramado é fruto de administrações que adotaram medidas equivocadas.

O argumento é simples. E peço licença ao leitor e internauta para encaminhar utilizar um exemplo pesado.

Pergunta: quando você tem um parente na UTI e com risco de vida você dará prioridade para o fato da conta corrente ter entrado no cheque especial? Ou pelo fato do hospital cobrar uma fortuna pela internação? Você destina suas energias a salvar a pessoa. Pouco importa o que acontece no lado externo.

Em resumo: se o time estivesse no G4 ou na briga pelo acesso, certamente os argumentos seriam mais assimilados pelo torcedor. Como o rebaixamento está próximo, não há planilha ou documento que seja lido com atenção. Errado? Concordo, mas um cenário é o futebol como a gente deseja que ele seja. Outro cenário é o futebol como ele é. E hoje, o torcedor pontepretano só quer ver o time salvo. O resto fica salvo.

(Artigo escrito por Elias Aredes Junior-Foto de arquivo Pontepress)