Ponte Preta, Guarani e Primeira Liga: hora de entrar em campo

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Detonador de confusões nos bastidores do futebol, a Copa Sul Minas Rio teve na quarta-feira (27) sua primeira rodada e exibiu média de público de 13 mil pagantes, superior a qualquer campeonato estadual disputado no Brasil. Um fato que fortalece a Primeira Liga, responsável por formatar o campeonato e que posteriormente poderá viabilizar uma Liga Nacional de Clubes. Qual a importância deste cenário para Ponte Preta e Guarani? Total.

Marcas tradicionais do interior paulista, os dois clubes não podem correr o risco de viver o dissabor vivido na década de 1980, quando uma revolução foi detonada no futebol brasileiro com a fundação do Clube dos 13 e que excluiu boa parte dos times médios ou pequenos. Detalhe: na ocasião, o Guarani sagrou-se vice-campeão nacional do ano anterior e mesmo assim foi obrigado, na prática a disputar a segundona nacional.

No final do ano passado, a informação era de que a Ponte Preta já tinha sido sondada para disputar a edição da Copa Rio Sul Minas em 2017. É pouco. Existe a necessidade de ir além. Tanto o presidente de honra, Sérgio Carnielli, como o presidente Wanderley Pereira e o vice-presidente Giovanni Di Marzio deveriam intensificar as conversas com os clubes gaúchos, paranaenses, mineiros e o Fluminense, todos componentes da Primeira Liga, para amarrar uma proposta que extermine um dos problemas crônicos do futebol brasileiro, que é a distribuição injusta de cotas de televisão.

Flamengo e Corinthians são fortes, não há dúvida, mas uma ação conjunta dos outros clubes produzirá em médio e longo prazo uma mudança de postura de gestão e de olhar sobre o calendário e os produtos viabilizados. Como única representante do interior na divisão de elite do futebol brasileiro, a Macaca tem a missão de incutir na mente dos interlocutores da Primeira Liga e dos outros “Player´s” do futebol nacional que a prioridade deve ser a qualidade e equílbrio do campeonato e nunca a predileção por este ou aquele clube. Nos Estados Unidos o conceito é vitorioso. Impossível que não dê certo no Brasil.

E o Guarani? Engana-se que o Alviverde deveria esquecer os movimentos da Primeira Liga. Nos dois campeonatos em que disputa, a Série A-2 e a Série C é o único campeão nacional. São marcas que não podem ser usadas como muletas para esconder problemas internos, mas podem servir como belo cartão de visitas no mundo da bola.

É lógico que o Guarani está em reconstrução e seria um acinte reivindicar um futuro assento na divisão principal da futura liga de Clubes. O que impede o Alviverde de pedir para comandar e ajudar na organização das divisões inferiores da futura Liga? Horley Senna tem argumentos de sobra para reforçar que o Alviverde não pode ser descartado enquanto produto.

Vou além: junto com os dirigentes pontepretanos, enfatizar que vale a pena apostar em médio e longo prazo no ressurgimento do dérbi, não só como o principal clássico do interior paulista, mas como uma marca que não pode ser deixada de lado.

(Análise escrita por Elias Aredes Junior)