Ponte Preta, Palmeiras, torcidas organizadas e a comodidade de sempre culpar os mesmos personagens. Sem olhar ao redor

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Digamos que você tenha uma casa. E tome conhecimento com antecedência de que um grande evento ocorrerá nas imediações da sua rua. Mais: que existe chance do seu patrimônio ser  invadido, depredado e acumular prejuízos. Eis que você fica em casa para proteger o que é seu. Ocorre a invasão e quando a Polícia é acionada, você é preso porque você não deveria estar ali. Não existe algo errado? Não há distorção de conceitos?

Pois esta ideia pode ser aplicada de modo integral ao problema ocorrido entre as torcidas do Palmeiras e Ponte Preta, antes do confronto com o Red Bull, no domingo à tarde.

O promotor Paulo Castilho afirmou em matéria do Estadão que a culpa está sobre os torcedores pontepretanos, pois eles não deveriam encontrar-se ali naquele momento, pois não havia partida programada da Macaca. Tenho dificuldade em aceitar esse argumento por um motivo: o imóvel alugado para o Toro Loko foi o Estádio Moisés Lucarelli e não a sede da torcida organizada invadida pela Mancha Alviverde. Se eles são donos do local devem usufruir a hora que desejarem e as autoridades tem a obrigação de lhe conceder segurança. Simples.

Existe outro aspecto que não pode ser ignorado. O Red Bull já recebeu todos os grandes times de São Paulo desde que integrou-se a divisão de elite, em 2015  e praticamente quase nenhum incidente foi registrado. Será que isso não é sintoma de que o esquema de segurança da Polícia Militar permitiu alguma brecha? Não faltou maior perspicácia do serviço de inteligência? Tais perguntas ganham relevância se levarmos em conta que a própria Torcida Jovem divulgou uma nota e revelou que chamou atenção para o que deveria acontecer com duas semanas de antecipação.

Essa história só confirma o que digo há anos. É preciso virar página quanto o processo de criminalização das torcidas organizadas. Elas estão aí, fazem parte do cotidiano do futebol e precisam passar por um processo de depuração e incentivo de atuação as boas pessoas, como já observamos em outras instituições brasileiras. Ou alguém deseja a extinção da Justiça, poder executivo, legislativo e da própria polícia? Ninguém quer. Vou além: em países como Inglaterra, Itália, Franças, as torcidas organizadas não são extintas e sim vigiadas e fiscalizadas. O número de holligans diminui substancialmente. Por que no Brasil não pode ser igual?

Fatos como os de domingo só vão acabar quando todos entenderem que as torcidas organizadas se constituem em fenômeno e antes de tudo deve ser estudado, entendido e seus pontos negativos enfrentados de maneira madura, racional e inteligência. A força sem o auxilio da compreensão e da inteligência é tiro no escuro. Sempre.

(Análise feita por Elias Aredes Junior)

2 Comentários

  1. Perfeita análise, Elias. Esse promotor é um débil mental, querendo jogar s culpa em quem sofreu o assalto. É como culpar as vítimas de arrastões em Copacabana por estatem deitados na praia

  2. Só faltou dizer que os dois a três incidentes com a torcida pontepretana POR ANO em média, são pura obras do acaso.
    Pensar como na materia acima é ser parcial, virar a cara pro fato de ter uma sede de torcida na frente do estádio, que há sempre confusões acontecendo dentro ou nos arredores do estádio…. parece o pai que não vê os erros do filho.
    Está faltando conteúdo.