Ponte Preta: Reflexões sobre venda de ingressos e o relacionamento entre clube e torcida

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Não existe um pontepretano que não tenha tentado ou sonhado com o ingresso para o segundo jogo da decisão contra o Novorizontino marcado para o próximo no estádio Moisés Lucarelli. A fila monstruosa ao lado do estádio demonstra dois fatos.

O primeiro é que o torcedor da Macaca estava ávido por vivenciar um clima de decisão.Não dá para ignorar que vender ingressos na bilheteria parece algo do século passado. Em teoria, seria uma metodologia para ser adotada. Só não podemos abraçar teorias simplórias sobre o tema. O assunto é mais complexo do que se imagina.

Vamos traçar o mundo ideal.

Todos os ingressos seriam vendidos on line e o torcedor não teria o constrangimento de ficar horas e horas na fila. Só que este cenário é atrapalhado pelo fato de que infelizmente o mundo do futebol do interior paulista parece viver dificuldades para ficar antenado com as tecnologias mais modernas. Método hibrido com venda on line e presencial? Foi adotado pela Macaca, mas os relatos dão conta de que a metodologia gerou congestionamento. Restou o que? Voltar para a fila.

Como o futuro não chega, seria ideal retornar ao passado eficiente. Nas décadas de 1970, 1980 e até 1990, qualquer campineiro sabia que jogos de dimensões imensas tinham postos de venda no estádio de ocasião, em uma loja de calçados e na banca do Miro. Mire-se no principal: pulverização dos locais de venda. Pergunta-se: por que isso não é adotado? Qual a justificativa. Pois é.

Você pode alegar que, se grande parte da torcida pontepretana aderisse ao Sócio Torcedor, este tormento não aconteceria.

Meia verdade.

Observe quem está na fila. É gente sofrida, pobre e que certamente vai gastar o seu suado dinheiro para assistir o clube do coração. Gente que ganha, no máximo, dois salários. E que precisa pagar aluguel, transporte, dar sustentação aos filhos na escola e pagar as contas básicas. Como podemos exigir que essa pessoa reserve um dinheiro todo mês para pagar o Sócio Torcedor? Para quem ganha pouco cada centavo conta. Mais: uma nova fila gigantesca seria formada, a dos torcedores que iriam trocar os ingressos. Aliás, já passou da hora do sócio torcedor ter um site para o Check In e assim facilitar a entrada. 

Resumo da ópera: apesar do conhecimento do presidente em relação as caracteristicas da torcida, a instituição Ponte Preta ainda procura uma maneira de se relacionar com seu público.

(Elias Aredes Junior com foto de Diego Almeida-Pontepress)