Rodrigo Pastana e Guarani: a humildade necessária que pode ser corroída pela vaidade dos homens

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Rodrigo Pastana subiu com o Guarani na terceirona nacional. Conseguiu o mesmo resultado com o Coritiba e Paraná na Série B. Tem bela folha de serviços prestados no futebol. Tem bom índice de acerto em um ambiente cada vez mais competitivo. Mas ele é humano. Erra. Comete equívocos ou é pego pelo destino. Em agosto do ano passado, teve um índice de acertos que fizeram o Guarani reagir na Série B, escapar do rebaixamento e ainda cravar uma posição intermediária.

A torcida criou expectativa para 2023. Só que desta vez, o barco quase virou. Contratações como Yago, Lima, Derek e Lucas Marques não tiveram o rendimento previsto. Resultado: a equipe tem o fantasma do rebaixamento lhe rondando. O fracasso no gramado é de total e irrestrita responsabilidade de Rodrigo Pastana. Mas um belo passo foi dado: ele admitiu o erro. “Para o nosso torcedor, nós garantimos que houve toda a convicção e todo o planejamento para uma expectativa gigante no Paulistão, o que não aconteceu. Reconhecemos e assumimos o erro. Essa responsabilidade é minha como chefe do departamento de futebol”, disse.

Em um mundo do futebol dominado pela vaidade, é um tremendo avanço verificar que uma pessoa inserida no processo não coloca suas falhas para debaixo do tapete. É nobre.

Só discordo em um ponto. Pastana diz: “Para corrigir, teremos calma, respeitando o processo eleitoral”. Veja só. Uma instituição do tamanho do Guarani, que tem a responsabilidade de administrar milhões de reais e com uma comunidade aflita por informações e ações, precisa na prática parar com sua governança por causa do processo eleitoral. Um absurdo. Total. Enquanto os 19 concorrentes da Série B estão em movimento na busca de reforços ou de um novo treinador, o Alviverde simplesmente vai parar tudo. Dá para acreditar? Não, não dá. 

Em um ambiente salutar e cordato, André Marconatto e Anaílson Neves entrariam em acordo prévio e autorizariam Rodrigo Pastana a buscar um novo treinador. Se não for para as duas partidas finais do Paulistão, que pelo menos iniciasse o trabalho de observação para a Série B.

Sim, Rodrigo Pastana errou na montagem do time. Suas ideias não se transformaram em prática. Mas também é verdade que os homens que lutam pelo poder no Guarani não ajudam. Uma pena.

(Elias Aredes Junior com foto de Thomaz Marostegan-Guarani F.C)