Uma reflexão sobre Fabinho, Guarani e o amor inconsistente no futebol

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Tenho dificuldades em estabelecer relações pessoais com jogadores de futebol. Treinadores também, apesar de existirem exceções. Além de querer sustentar a independência necessária ao jornalista, fico incomodado como a classe muda de opinião e postura. Transmitem a impressão de que não estão nem aí com quem lhe pagou seu salário por anos e anos. Adotam um amor de conveniência.

Veja o exemplo do atacante Fabinho. Hoje no XV de Piracicaba, deve boa parte de sua situação financeira ao Guarani. Sim, foi o Alviverde que lhe projetou na carreira. Antes, teve passagens apagadas e só veio para o Guarani em 2009 como contra peso da transação pela chegada de Walter Minhoca, anteriormente no Botafogo de Ribeirão Preto.

Pois o jogador saiu da reserva virou titular e xodó da torcida. Fez história com o vice-campeonato da Série B de 2009 e o vice-paulista de 2012. Sem contar sua participação na segundona nacional de 2011 quando foi um dos líderes do elenco que permaneceu no clube apesar dos meses e meses sem pagamento de salário. Tantos feitos lhe abriram espaço para atuar no Cruzeiro de Belo Horizonte.

Ou seja, a sua história profissional é dividida entre antes e depois do Guarani. Tanto que fez diversas declarações de amor ao clube. “O Guarani é um clube grande, de torcida apaixonada, que eu amo. Pelo projeto que me apresentaram, topei na hora. Não pensei duas vezes. Conversei com a minha esposa, mas meu coração já estava decidido. Faltava só acertar alguns detalhes para eu voltar”, disse na apresentação ocorrida em janeiro de 2014.

Hoje, quatro anos depois, o jogador joga a coerência no lixo e declara: “Quero é ser xingado lá”. Não defendo que faça corpo mole e prejudique o time que paga seu salário. Só declarações comedidas e coerentes com aquilo que disse anteriormente.

Seu gesto só reforça o meu pensamento de que o torcedor deve nutrir fidelidade ao seu time, nada mais. Jogadores? Guardadas às exceções de sempre, impossível ignorar que pouco se importam com o sofrimento e a fidelidade do torcedor. Acreditar em discursos vazios só trazem dor de cabeça para aqueles que nunca abandonam o time do coração.

(análise feita por Elias Aredes Junior)